Mais oportunidades para cooperação verde conforme China e Europa lideram luta contra mudanças climáticas

Fonte: Xinhua    15.12.2020 13h42

Líderes mundiais, que participaram de uma cúpula virtual do clima no sábado, reconheceram a importância de enfrentar as mudanças climáticas, no processo em que China e países europeus estão encontrando mais pontos em comum e oportunidades de cooperação.

No sábado, dezenas de líderes de países desenvolvidos e em desenvolvimento e de organizações internacionais, bem como líderes empresariais, participaram da Cúpula da Ambição do Clima virtual, que tem como objetivo fazer novos compromissos para enfrentar a mudança climática e cumprir o Acordo de Paris.

Novos compromissos foram traçados na cúpula, que é convocada conjuntamente pela Organização das Nações Unidas, Grã-Bretanha e França em parceria com Chile e Itália.

Este é um claro sinal que o Acordo de Paris está trabalhando para aumentar drasticamente a ação climática e a ambição.

"E então minha mensagem para todos vocês, é que juntos podemos usar os avanços científicos para proteger nosso planeta inteiro, nossa biosfera contra um desafio muito pior, muito mais destrutivo até do que o coronavírus", disse na cúpula o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

ESFORÇOS CLIMÁTICOS LAUDADOS DE BEIJING

A cúpula mostrou que um desafio como o aquecimento global "pode unir países, grupos e indivíduos em uma causa comum", disse à Xinhua, Martin Albrow, um renomado sociólogo britânico.

Sob essa causa comum, países como a China e os da Europa estão agindo.

A China pretende atingir o pico de emissões de CO2 antes de 2030 e alcançar a neutralidade de carbono antes de 2060. O país também prometeu novos compromissos para 2030 para contribuir mais para enfrentar o desafio climático global.

A China reduzirá suas emissões de dióxido de carbono por unidade do PIB em mais de 65 por cento em relação ao nível de 2005, aumentará a participação de combustíveis não fósseis no consumo de energia primária para cerca de 25 por cento, aumentará o volume do estoque florestal em 6 bilhões de metros cúbicos a partir do nível de 2005, deixará sua capacidade total instalada de energia eólica e solar em de 1,2 bilhões de quilowatts.

Os esforços climáticos de Beijing são bem-vindos por especialistas.

O fato de a China estar tomando tais medidas ajudará a mudar a mentalidade das pessoas ao redor do mundo e a torná-las conscientes das questões que são essenciais para o futuro de nossas sociedades, disse o Prof. Leon Laulusa, vice-presidente-executivo da Escola de Negócios ESCP.

"Uma nação grande e influente como a China se comprometendo com metas positivas de mudança climática só pode ser algo bom", disse à Xinhua em uma entrevista recente, Hannah Cloke, professora de hidrologia da Universidade de Reading.

Os países europeus também estão fazendo avanços significativos na contribuição para a luta global contra as mudanças climáticas.

Líderes da União Europeia (UE) chegaram a um acordo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa do bloco regional em pelo menos 55 por cento até o final da próxima década em relação ao nível de 1990, anunciou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, na sexta-feira.

Os estados-membros deram permissão à proposta da Comissão Europeia de endurecer a meta de médio prazo do bloco como parte da meta de longo prazo de atingir a neutralidade climática até 2050.

No início deste mês, Johnson anunciou uma nova meta que fará com que o país se comprometa a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 68 por cento até o final da década, em comparação com os níveis de 1990.

TERRENO COMUM PARA COOPERAÇÃO

A UE e a China se comprometeram a alcançar emissões líquidas de dióxido de carbono zero, criando assim um terreno comum para uma cooperação muito mais profunda, disse Laurence Tubiana, o ex-principal negociador da França para mudanças climáticas, recentemente no site do Project Syndicate.

Esta cooperação não tem necessariamente de se limitar a nível nacional, e as parcerias entre municípios, regiões, províncias e indústrias têm mostrado grande potencial, disse Tubiana.

Em setembro, a montadora Volkswagen Group China anunciou que está planejando investir um total de cerca de 15 bilhões de euros (cerca de 17,5 bilhões de dólares americanos), juntamente com suas joint ventures em e-mobilidade entre 2020 e 2024.

Seguindo uma estratégia de eletrificação e digitalização, a Volkswagen planejou produzir um total de 15 modelos diferentes de veículos novos de energia (NEV) localmente até 2025, com 35 por cento do portfólio de produtos na China composto por modelos totalmente elétricos.

"Enquanto a China e o resto do mundo enfrentam o desafio de se recuperar da pandemia de Covid-19, agora podemos ver que os investimentos em capital físico e natural sustentável geram resultados que podem ser realizados rapidamente e criam muitas oportunidades de emprego. Investimentos sustentáveis são o caminho para uma forte recuperação econômica", comentou Nicholas Stern, presidente do Instituto de Pesquisa Climática e Ambiental Grantham da Faculdade de Ciência Política e Economia de Londres.

O setor de energia renovável é uma área-chave na cooperação verde entre a China e a Grã-Bretanha e outros países europeus.

Em março de 2019, o Centro de Pesquisa Catapult TUS-ORE (TORC), uma instalação conjunta de pesquisa eólica offshore do Reino Unido e da China, foi inaugurado em Yantai, na província de Shandong, no leste da China.

A TORC atua como um centro líder de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia de energia renovável, com vínculos exclusivos na Grã-Bretanha e na China para apoiar o crescimento de suas respectivas indústrias eólicas offshore.

Desenvolverá programas de pesquisa colaborativa, apoiará a entrada no mercado e a incubação de empresas britânicas na China e fornecerá suporte comercial para desenvolvedores eólicos offshore chineses.

"A China é líder nos mercados de energia renovável e nossos dados mostram que permanecerá de longe o maior país nos próximos anos", disse Heymi Bahar, analista-sênior de mercados de energia renovável e política da Agência Internacional de Energia (AIE).

A capacidade instalada de fontes de energia renováveis da China tem crescido a uma taxa média anual de 12 por cento desde 2016, com novas fontes de energia como a energia eólica e solar ocupando mais da metade da capacidade total instalada de fontes de energia renováveis, de acordo com números oficiais.

No futuro, a China poderia acelerar o desenvolvimento de uma economia renovável, transporte de emissões zero, reflorestamento contínuo e ecologização e desenvolver a agricultura orgânica e edifícios amigáveis ao meio ambiente, disse em entrevista recente à Xinhua, Hans-Josef Fell, fundador do grupo de reflexão alemão Energy Watch.

Ele disse que o comércio de tecnologias e bens ambientais entre a China e o resto do mundo criará muitos empregos.

(Web editor: Beatriz Zhang, Renato Lu)

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