Crianças têm baixa taxa de transmissão de COVID-19 segundo estudo médico brasileiro

Fonte: Xinhua    11.05.2021 15h12

Um estudo realizado no Brasil apontou que crianças têm baixa taxa de transmissão do novo coronavírus, o que deve ajudar a manter abertas creches e escolas apesar da pandemia.

A conclusão é do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), após pesquisa realizada com 667 pessoas em 259 domicílios da favela de Manguinhos, situada na zona norte do Rio de janeiro, entre maio e setembro de 2020.

Os resultados do estudo constam do artigo "A dinâmica da infecção de SARS-CoV-2 em crianças e contatos domiciliares em uma comunidade pobre do Rio de Janeiro", que ainda vai ser publicado na revista científica "Pediatrics, Official Journal of the American Academy of Pediatrics".

Participaram da pesquisa 323 crianças de 0 a 13 anos, 54 adolescentes de 14 a 19 anos e 290 adultos. Os menores estudados foram todos atendidos em um centro de saúde de Manguinhos. Apenas 45 deles (13,9%) deram positivo para o vírus.

Os pesquisadores visitaram as residências dessas crianças e fizeram testes com PCR e sorologia. Adultos e adolescentes que moravam com as crianças também foram testados.

Segundo o estudo, a infecção foi mais frequente em crianças com menos de 1 ano e na faixa de 11 a 13 anos, sendo que todas haviam tido contato com um adulto ou adolescente com sinais recentes de COVID-19.

Na comparação com os dados do Rio de Janeiro, o estudo mostrou que um terço das pessoas pesquisadas (33%) tinham sido expostas ao vírus por volta de agosto de 2020, uma taxa bem superior à registrada na população geral da cidade no mesmo período (7,5%).

"Nossas descobertas sugerem que em cenários como o estudado, escolas e creches poderiam potencialmente reabrir se medidas de segurança contra a COVID-19 fossem tomadas e os profissionais adequadamente imunizados", explicou a coordenadora do estudo, Patrícia Brasil, chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas da Fiocruz.

Para os pesquisadores, isso é particularmente importante em comunidades pobres, onde muitas pessoas vivem em uma mesma casa.

No total, 32,6% das crianças com menos de 14 anos e 31% dos contatos familiares tiveram resultados positivos, indicando que já tinham sido expostos ao SARS-CoV-2 até setembro de 2020.

Das 45 crianças que deram positivo para COVID-19, 26 tiveram contato com um adulto que também era positivo. Os outros 19 menores tiveram contato com adultos que não quiseram se submeter ao teste, mas que relataram sintomas suspeitos de COVID-19.

A pesquisa observou também uma proporção maior de crianças com menos de um ano infectadas, em comparação com outros grupos, o que foi atribuído ao contato direto com as mães.

"A menos que essas crianças fossem portadoras do SARS-CoV-2 por um longo período, nossos resultados são compatíveis com a hipótese de que elas se infectam por contatos domiciliares, principalmente com seus pais, ao invés de transmitir para eles", afirma o estudo.

A pesquisa foi realizada em um período em que as escolas estavam fechadas devido à pandemia, o que significa que "os adultos podem ter sido os propagadores mais importantes porque continuaram a trabalhar fora de casa, continuamente expostos nos meios de transportes e locais de trabalho".

(Web editor: Beatriz Zhang, Renato Lu)

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