Beijing acusou Washington na quarta-feira (9) de "difamar" o desenvolvimento e as políticas interna e externa da China e de tentar conter seu desenvolvimento, depois que o Senado dos Estados Unidos aprovou um dos maiores projetos de lei industrial da história do país para conter os chamados desafios da China.
O Comitê de Relações Exteriores da Assembleia Popular Nacional (APN), a principal legislatura da China, expressou em uma declaração "forte insatisfação e oposição resoluta" ao Ato de Inovação e Concorrência dos EUA de 2021, pedindo a Washington que pare de promovê-lo.
O projeto mostrou a "ilusão paranóica de querer ser o único vencedor e distorceu a intenção original de inovação e competição", disse o comunicado.
A legislação, aprovada de forma esmagadora na terça-feira (7), também deve ser aprovada na Câmara dos Representantes dos EUA para ser enviada à Casa Branca. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse num comunicado que esperava transformá-la em lei "o mais rápido possível".
O projeto, repleto de mentalidade de Guerra Fria e preconceito ideológico, busca exagerar e disseminar a chamada ameaça da China para manter a hegemonia dos EUA. "Ele usa os direitos humanos e a religião como desculpas para interferir nos assuntos internos da China e priva a China de seus direitos legítimos de desenvolvimento através da dissociação em campos - incluindo ciência e tecnologia e economia", segundo o comunicado da APN.
As disposições do projeto de lei relacionadas a Taiwan, a Região Autônoma Uigur de Xinjiang, a Região Autônoma do Tibete e a Região Administrativa Especial de Hong Kong são assuntos puramente internos da China e nenhuma interferência estrangeira será permitida, enfatizou o comunicado, acrescentando que "nenhuma força deve esperar que a China engula qualquer fruta amarga que enfraqueça a soberania, segurança e interesses de desenvolvimento da China".
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, disse na quarta-feira (8) que o modo como os EUA planejam se desenvolver e aumentar sua competitividade é concernente aos EUA.
"Nós nos opomos firmemente aos EUA criando problema com a China e tratando-a como um 'inimigo imaginário'", disse Wang numa entrevista coletiva regular, acrescentando que o maior inimigo dos EUA é o próprio país.
"A China segue o caminho do desenvolvimento pacífico. Nosso objetivo de desenvolvimento é melhorar constantemente a nós mesmos e permitir que o povo chinês viva uma vida mais feliz e melhor", disse ele.
Li Haidong, professor de estudos dos EUA na Universidade de Relações Exteriores da China, explicou que a formulação e aprovação de uma série de projetos de lei dos EUA destinados a competir com a China, incluindo o mais recente, refletem a ansiedade e a falta de confiança das elites políticas dos EUA a despeito do desenvolvimento da China.
Li disse que as elites também estão tentando transferir a culpa de não conseguir resolver suas questões internas, como a divisão acentuada na política e no conflito étnico, distraindo a atenção para a China, um movimento "muito irresponsável".
“Se eles puderem concentrar seus esforços nas questões dos próprios Estados Unidos, a base para a cooperação China-EUA será mais sólida. Caso contrário, as relações bilaterais sofrerão mais”, disse.