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Editorial: EUA perdem terreno no Afeganistão após 20 anos de presença no país

Fonte: Diário do Povo Online    16.08.2021 13h18

Os mais recentes desenvolvimentos no Afeganistão são, indubitavelmente, um duro golpe para os Estados Unidos e um fracasso total da sua tentativa de transformar aquele país. A reformulação política promovida pelos EUA em solo afegão provou ser incapaz de criar raízes ao longo do tempo. A retirada súbita e desordenada dos Estados Unidos demonstra perante seus aliados a falta de confiabilidade perante os compromissos assumidos: quando os próprios interesses exigem o abandono de aliados, os EUA encontram várias razões para o fazer.

Um país poderoso como os EUA foi incapaz de derrotar o Talibã afegão, que praticamente não teve ajuda estrangeira em 20 anos. Esta derrota é ainda mais demonstrativa da impotência dos EUA do que a derrota na Guerra do Vietnã. Em termos relativos, o fracasso dos Estados Unidos no Afeganistão é ainda mais embaraçoso do que o desaire da União Soviética no território, na década de 1980.

A situação no Afeganistão irá afetar a situação geopolítica regional, trazendo inúmeras incertezas. A opinião pública ocidental tem mencionado constantemente a China nos últimos dias e até mesmo apregoado que as mudanças no Afeganistão deixaram a China "constrangida". Esta declaração pode parecer reconfortante no plano emocional, mas é caótica do ponto de vista da lógica.

No passado, a opinião pública nos Estados Unidos e no Ocidente negava frequentemente a existência do "Turquistão Oriental" e o promovia como uma desculpa para a China se engajar em "operações repressivas" em Xinjiang. Agora reverteram sua posição novamente, dizendo que o Talibã apoiará o "Turquestão Oriental" e ameaçará a segurança de Xinjiang quando recuperar o poder. Por conseguinte, a China tem vários motivos para estar apreensiva com a situação no Afeganistão.

É claro que a China irá examinar a situação afegã tendo em vista a estabilidade em Xinjiang, mas as descrições feitas pela opinião pública ocidental são, sem dúvida, hiperbolizadas e errôneas. Apenas o corredor de Wakhan faz fronteira entre a China e o Afeganistão, sendo que a China tem tropas ali destacadas. Além disso, vários anos de políticas aplicadas em Xinjiang permitiram que o extremismo tenha sido erradicado, sendo cada vez mais difícil que forças externas se infiltrarem na sociedade local.

Na verdade, a maior fonte de atividades terroristas em Xinjiang nos últimos anos são os Estados Unidos e o Ocidente. Os Estados Unidos e o Ocidente servem-se do pretexto dos "direitos humanos" para defender os terroristas em Xinjiang, descrevendo as atividades violentas ali perpetradas como "rebelião contra o regime chinês", continuando a instigar ideologicamente os agentes desestabilizadores em Xinjiang. No que diz respeito às forças terroristas internacionais, quando os ataques são dirigidos contra a China, o Ocidente ignora a situação. Os padrões duplos ocidentais são o maior desafio para os esforços de contraterrorismo da China.

Assim sendo, a China irá enfrentar as mudanças no Afeganistão de forma racional. O princípio de não ingerência nos assuntos internos de outros países sempre foi a bússola da política externa chinesa. A China desempenhará um papel construtivo na obtenção da paz e na transição para a reconstrução no Afeganistão o mais rápido possível. A guerra dos Estados Unidos contra o terrorismo fracassou e suas operações no Afeganistão foram em vão. Os maiores desafios das mudanças do Afeganistão devem, obviamente, ser encarados pelos Estados Unidos e pelo Ocidente.

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