O ano de 2021 foi o mais quente para os oceanos do mundo na história humana registrada, de acordo com um novo estudo liderado por uma equipe internacional de cientistas que rastreiam os dados.
Publicado nesta terça-feira na revista Advances in Atmospheric Sciences, o levantamento foi realizado por 23 pesquisadores de 14 institutos da China, Estados Unidos e Itália.
Eles descobriram que os 2.000 metros à superfície em todos os oceanos no ano passado absorveram uma quantidade maior de calor do que o recorde estabelecido no ano anterior, igual a 145 vezes a geração mundial de eletricidade em 2020.
Como mais de 90% do excesso de calor devido ao aquecimento global é absorvido pelos oceanos, o conteúdo de calor oceânico é um indicador primário do aquecimento global, destacou Kevin Trenberth, cientista do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos EUA e co-autor do estudo.
Além de absorver calor, os oceanos atualmente absorvem de 20% a 30% das emissões humanas de dióxido de carbono, levando à sua acidificação.
No entanto, o aquecimento reduziu a eficiência da absorção de carbono oceânico e deixou mais dióxido de carbono no ar, revelou Cheng Lijing, principal autor do artigo e professor associado do Instituto de Física Atmosférica (IAP) da Academia Chinesa de Ciências.
"Monitorar e entender o calor e o acoplamento de carbono no futuro são importantes para rastrear as metas de mitigação das mudanças climáticas", explicou Cheng, pedindo mais atenção aos oceanos, já que muitos países se comprometeram a alcançar a neutralidade de carbono nas próximas décadas.
"À medida que os oceanos aquecem, a água se expande e o nível do mar sobe. Oceanos mais quentes também sobrecarregam os sistemas climáticos, criando tempestades e furacões mais poderosos, além de aumentar o risco de precipitação e inundações", acrescentou Cheng.
"Os oceanos estão absorvendo a maior parte do aquecimento das emissões humanas de carbono", destacou o autor do artigo Michael Mann, professor da Universidade do Estado de Pennsylvania. "Até chegarmos a zero emissões líquidas, esse aquecimento continuará, e continuaremos quebrando recordes de conteúdo de calor oceânico, como fizemos este ano. Uma melhor conscientização e compreensão sobre os oceanos são a base para as ações de combate às mudanças climáticas."
Os pesquisadores também compartilharam dados registrados pelo IAP da China e pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA no estudo, que analisou observações do conteúdo de calor do oceano e seu impacto desde a década de 1950.