O mais alto especialista dos Estados Unidos em doenças infecciosas, Anthony Fauci, denunciou em uma entrevista a polarização política que impediu a resposta do país à COVID-19, informou a Bloomberg na quinta-feira.
Em uma entrevista gravada na Bloomberg, Fauci disse que aconselharia seu sucessor - que ainda não foi nomeado - a se afastar da política.
"O país chegou a uma situação onde até mesmo os políticos estão dizendo coisas que estão provocando pensamentos de violência e assédio contra mim e a minha família, mas isso é apenas o estado de nossa nação", disse ele na entrevista, acrescentando que "eu aceito isso. Eu não gosto disso".
As ameaças não desempenharam um papel em sua decisão de deixar o cargo, afirmou Fauci à Bloomberg.
Fauci é o principal conselheiro médico do presidente norte-americano, Joe Biden, e o diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA. Ele anunciou na segunda-feira que planejava se aposentar no final do ano, após mais de 50 anos de serviço público.
Fauci achava que o país passaria pela pandemia da COVID-19 após o primeiro ano da administração Biden, mas a interrupção do vírus demorou mais tempo do que o especialista em doenças infecciosas previu, disse a Bloomberg.
Os Estados Unidos precisam aprender as lições da COVID-19 para estarem prontos para futuros surtos, disse Fauci na entrevista, chamando a cultura dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos de "não ótima" para responder a uma pandemia global.
"A boa notícia é que eles agora percebem isso", disse ele.
"Só temos que vacinar mais pessoas e aumentar o número de pessoas imunizadas", observou Fauci na entrevista. "Mas eu acho que estamos realmente no tempo crucial de levar o vírus a um nível em que ele esteja em um nível suficientemente baixo para que não possa, de fato, perturbar a ordem social", afirmou.