Astrônomos chineses divulgaram o primeiro lote de mapas de raios-X de ampla área do mundo sobre o céu, capturados por um pequeno satélite colocado em órbita no mês passado.
O Telescópio de Raio-X de Área Ampla (WXT, na sigla em inglês), lançado ao espaço em 27 de julho por um foguete de combustível sólido, é um telescópio de imagem de raios-X de ampla área, o primeiro do tipo no mundo, de acordo com o Observatório Astronômico Nacional da China (NAOC, na sigla em inglês).
Após uma observação de quatro dias em órbita, o telescópio obteve imagens de raios-X e espectros de energia de muitos corpos celestes na Via Láctea e além da nossa galáxia.
O WXT está equipado com 36 lentes micro-poro de lagosta e 4 sensores CMOS de grande matriz, todos desenvolvidos pela China, e seu campo de observação pode atingir 340 graus quadrados, cerca de 100 vezes mais do que outros telescópios similares.
Trata-se de um módulo experimental para o satélite Einstein-Probe (EP), em fase de preparação. Um total de 12 módulos WXT serão montados no novo satélite.
O EP é uma missão encarregada de descobrir corpos celestes que emitem raios-X durante mudanças ferozes, bem como buracos negros quiescentes com radiação transitória de alta energia.
O WXT observou a região central celestial da Via Láctea. Os resultados mostraram que uma única verificação poderia detectar raios-X de múltiplas direções, incluindo os de buracos negros estelares e estrelas de nêutrons. Os resultados são altamente consistentes com as simulações.
Uma imagem de raio-X do remanescente da famosa supernova Cygnus demonstrou que as lentes de lagosta do WXT podem capturar alvos difusos, e que os sensores CMOS do WXT são capazes de processar altas resoluções espectrais.
A sonda ainda detectou os sinais de raios-X relativamente fracos de um quasar a 814 milhões de anos-luz de distância. Quasar é um objeto semelhante a uma estrela distante no espaço que produz luz brilhante e ondas de rádio.
Uma grande Nuvem de Magellanic nas proximidades da galáxia Via Láctea também foi vista dentro do raio do WXT, de acordo com o NAOC.
Uma operação experimental realizada em agosto indicou que o WXT está operando normalmente, estabelecendo uma base sólida para a missão EP, de acordo com o NAOC.
Yuan Weimin, cientista-chefe do EP que trabalha no NAOC, disse que os resultados são muito empolgantes e atestam a capacidade do instrumento na obtenção de dados científicos de qualidade, como esperado.
O WXT é co-desenvolvido pelo NAOC e pelo Instituto de Física Técnica de Shanghai sob a Academia Chinesa de Ciências.
O NAOC divulgou os dados durante a Assembleia de Ciência Espacial da China, realizada em Taiyuan, capital da Província de Shanxi, que terminou no domingo.