Nancile Nyiraneza estava nervosa e com dor enquanto aguardava na fila, com um bebê nas costas, no Centro de Saúde Gahanga, nos arredores de Quigali, capital de Ruanda.
A agricultora de subsistência de 40 anos foi uma das centenas de residentes ruandeses do distrito de Kicukiro que se beneficiaram a partir de terça-feira de um programa de assistência médica gratuito de três dias criado no centro de saúde pela equipe médica chinesa para ajudar aqueles que tem dificuldades ao acesso a tratamento especializado.
"Sofro com dores nas costas nos últimos cinco anos. Às vezes, cuido disso e parece aliviar um pouco", disse ela. "Mas sempre volta e atrapalha minhas atividades agrícolas porque com essa dor não consigo me curvar por muito tempo, então vim resolvi procurar tratamento".
A mãe de cinco filhos disse que seu problema nas costas não tratado levou a dores musculares. Ela disse que foi tratada por um médico local ao longo dos anos, mas os medicamentos prescritos não foram eficazes.
Uma equipe de médicos chineses especializados baseados no Hospital Masaka na capital Quigali e no hospital de referência Kibungo na Província Oriental se uniram para fornecer serviços de saúde gratuitos aos pacientes do Centro de Saúde Gahanga.
Apesar do tempo ruim, os pacientes começaram a chegar ao centro de saúde para o atendimento da equipe médica chinesa às 5h da manhã, horário local. Estima-se que os médicos atendam pelo menos 300 pacientes até o final de três dias.
Depois de ser examinada, Nyiraneza recebeu remédios que ela esperava que ajudassem. Ela recebeu informações sobre tratamento gratuito de conselheiros de saúde em sua vila.
À medida que a estação de plantio sazonal chega, Nyiraneza mostrou ansiedade por não poder cultivar seu jardim e precisar gastar comprando comida.
"A doença afeta minhas atividades agrícolas; enquanto conversamos, a época de plantio chega, mas tenho medo de não poder trabalhar como deveria", disse ela. "Mesmo as tarefas domésticas diárias em que preciso me abaixar, viram um grande desafio".
"Agradeço à equipe médica chinesa por estender o tratamento gratuito aos ruandeses. Agradeço a eles por pensarem em nós. Confio que vamos nos curar e que há algumas pessoas com doenças crônicas e este programa de extensão é um gesto bem-vindo", disse ela.
Theogene Ngendahayo, 48 anos, outro morador foi ao centro médico com um problema na visão.
Ele disse que, embora sofra de um problema ocular há muito tempo, não o tratou porque precisava de um tratamento especializado caro.
"Vim para cá depois de saber que o tratamento é gratuito", disse Ngendahayo. "Não consigo ler. Quando tento ler um texto curto, meus olhos ficam vermelhos. Agradecemos aos médicos chineses, que Deus os abençoe".
Guo Hao, intérprete da 22ª Equipe Médica da China, disse que 11 médicos e uma enfermeira estavam envolvidos para fornecer serviços especializados em cirurgia, maternidade, estomatologia, ortopedia, medicina interna e medicina tradicional chinesa.
"A maioria dos pacientes vem com doenças crônicas. Os pacientes que não podemos tratar aqui são encaminhados para o Hospital de Masaka. Os casos que não podem ser tratados no Hospital de Masaka são encaminhados para outro hospital", disse ele.
É um programa anual de divulgação. "Os pacientes estão gratos após o tratamento. O programa foi interrompido devido ao COVID-19", disse Guo.
Jean Marie Vianney Barinzi, chefe do centro de saúde, disse que recebem entre 100 e 150 pacientes por dia.
Além do tratamento gratuito, a equipe médica chinesa doou diversos medicamentos internos essenciais, incluindo anti-hipertensivos, hipoglicemiantes e alguns antibióticos comumente usados, além de materiais antipandêmicos, incluindo máscaras e álcool gel para limpeza das mãos.
"A doação e o tratamento gratuito têm um grande impacto, principalmente para nossos pacientes que procuram tratamento sem seguro médico. Essas doações e tratamento gratuito contribuem para a melhoria da saúde da nossa comunidade. Também ajuda os moradores a economizar dinheiro e tempo", disse Barinzi. "O atendimento médico gratuito reforça a cooperação entre Ruanda e a China. Pedimos aos residentes que aproveitem o atendimento médico gratuito para se consultar com médicos especializados".
Chen Zhihong, um dos médicos chineses, disse que, como os moradores locais vivem em áreas relativamente remotas, é muito difícil consultar um médico.
"Viemos ao centro de saúde para dar muita comodidade a todos. Alguns pacientes ficam muitos dias na fila para ter uma consulta médica, então quando nossos médicos chineses atendem esses pacientes que vieram de longe, por mais que façamos horas extras, precisamos ajudá-los", disse Chen.
Este ano marca o 40º aniversário da ajuda médica da China a Ruanda, e a ajuda médica estrangeira foi passada entre gerações.
Chen disse que não há problema com médicos chineses em termos de tecnologia. "Precisamos melhorar o treinamento da língua ruandesa Kinyarwanda no futuro. É propício para a comunicação entre médicos e pacientes, e também é propício para uma melhor comunicação entre os médicos de ambos os países".