A campanha eleitoral brasileira entrou na sua reta final no domingo (25), uma semana antes das eleições que vão decidir quem vai presidir o maior país da América Latina entre 2023 e 2026, em um cenário de grande polarização e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como favorito.
O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) lidera todas as pesquisas de intenção de voto, embora não seja possível antecipar se a disputa será defina já no primeiro turno ou se se extenderá ao segundo turno, marcado para 30 de outubro.
A pesquisa mais recente da empresa Datafolha, a mais prestigiada do Brasil, divulgada na última quinta-feira (22), dá a Lula 47% dos votos, contra 35% de Jair Bolsonaro. Para vencer no primeiro turno, é necessário obter metade dos votos mais um.
Lula, de 76 anos e presidente brasileiro entre 2003 e 2010, optou por não aparecer no segundo dos três debates eleitorais desta campanha, realizado no sábado (24), embora analistas considerem que sua ausência não o fez perder pontos.
Para tentar vencer no primeiro turno, Lula e sua equipe de campanha recorrem ao chamado "voto útil", na tentativa de atrair os eleitores de Ciro Gomes, do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e de Simone Tebet do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), apontados respectivamente em terceiro e quarto lugar nas pesquisas de intenção de voto, os quais juntos somam cerca de 15% dos votos, de acordo com as pesquisas.
O grande rival de Lula é o atual presidente, Jair Bolsonaro, candidato do Partido Liberal (PL) e que segundo as pesquisas não seria reeleito.
Defendendo sua gestão e atacando os governos petistas e a corrupção neles existente, Bolsonaro tentou nos últimos dias atrair o voto das mulheres e dos mais pobres, setores em que Lula lidera confortavelmente a intenção de voto, com destaque para a ajuda concedida aos mais humildes e as prisões por violência sexista.
O atual presidente brasileiro vem tentando reduzir o alto índice de rejeição que tem, acima de 50%, que torna praticamente impossível sua reeleição.
Bolsonaro conta com o apoio do setor evangélico e do setor do agronegócio para tentar reverter as pesquisas e chegar a um segundo turno, embora todos os cenários prevejam uma vitória de Lula caso haja um segundo turno.
Mais afastados dos dois candidatos estão Ciro Gomes, Simone Tebet e Soraya Thronicke, do partido União Brasil (UNIÃO), que por enquanto se recusam a dar qualquer tipo de apoio no segundo turno a um dos dois principais candidatos.
Com vitórias praticamente definidas em algumas regiões do país (Lula lidera no Nordeste e Bolsonaro na região Sul), os dois candidatos concentraram seus esforços nos últimos dias na região sudeste do país, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os três maiores colégios eleitorais do Brasil, para captar votos.
Em São Paulo e Minas Gerais, Lula lidera a intenção de voto, enquanto no Rio de Janeiro há empate técnico.
Segundo o instituto IPEC, Lula lidera em 14 estados, Bolsonaro em sete e há empate técnico em cinco.
Se essas previsões que dão a vitória a Lula se confirmarem, uma das incógnitas é se Bolsonaro aceitará ou não o resultado eleitoral. O presidente brasileiro há muito questiona as urnas eletrônicas que são usadas no Brasil em todas as eleições e deu a entender em várias ocasiões que não aceitaria a derrota nas urnas.
A polarização que o Brasil vive nessas eleições pôde ser vista na campanha eleitoral, na qual ocorreram dois ataques mortais a partidários do PT, além de vários confrontos entre partidários dos dois principais candidatos.
Além do presidente e vice-presidente do país, as eleições brasileiras servirão também para eleger os 27 governadores locais, deputados federais e senadores.