Leonardo Sobreira
Em 2012, a China embarcava em um estágio de crescimento econômico de alta qualidade sem precedentes na história do mundo. Foi também naquele ano, após o 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, que Xi Jinping foi eleito secretário-geral do PCCh e presidente da Comissão Militar Central.
Já em sua fala à imprensa logo após o evento, Xi deu ênfase às aspirações econômicas do povo chinês e destacou o peso da responsabilidade histórica carregada pelo PCCh.
“Nosso povo ama a vida e espera melhor educação, empregos mais estáveis, melhor renda, segurança social mais confiável, assistência médica de alto padrão, condições de vida mais confortáveis e um ambiente mais bonito”, discursou o então novo líder, que teve o posto de presidente confirmado em 2013.
“Eles esperam que seus filhos possam crescer melhor, trabalhar melhor e viver melhor. O anseio das pessoas por uma vida boa e bela é o objetivo pelo qual lutamos”, acrescentou Xi.
As estatísticas econômicas da China na década seguinte, os ‘10 anos gloriosos’, revelam que Xi não fez promessas vazias. O país respondia por mais de 18% da economia global em 2021, ante 11,4% em 2012, com o PIB per capita saltando de US$ 6,300 para US$ 12,500 no período. A classe média se expandiu para um terço da população na última década, e quase 100 milhões de chineses saíram da pobreza.
A China também estabeleceu os maiores sistemas de educação, previdência social e assistência médica e de saúde do mundo, com a expectativa de vida da população aumentando para 77,9 anos em 2021, ante 75,4 anos em 2012.
Aliada ao crescimento econômico de alta qualidade está a preocupação com o meio ambiente, um dos temas centrais do pensamento de Xi. As terras arborizadas da China representam cerca de um quarto do total mundial e emissões de gás carbônico por unidade de PIB caíram cerca de 34% na última década. O país agora lidera o mundo em capacidade instalada de energia eólica e fotovoltaica e outras energias verdes, e também na produção e venda de veículos de energia nova.
Por outro lado, o 20º Congresso acontecerá em um contexto de novos desafios. A economia chinesa é alvo de uma tentativa de isolamento em setores estratégicos, como o de semicondutores, por parte do Ocidente. Também enfrenta as consequências da redução da atividade econômica em decorrência da pandemia de Covid-19. Nesse contexto, Xi propõe cada vez mais suas próprias teorias econômicas, como ‘prosperidade comum’ e ‘prevenção da expansão desordenada do capital’.
No campo geopolítico, as provocações anti-China aumentam ao mesmo tempo que cresce a solidariedade de países em desenvolvimento com Beijing. Seja em Xinjiang ou em Taiwan, o Ocidente vem dobrando a aposta nas táticas de desestabilização, e Xi demonstrou sua determinação em eliminar qualquer tentativa de conter o crescimento da China.
Os próximos 5 anos serão marcados pela resolução desses desafios e a continuidade das políticas desenvolvimentistas levadas a cabo por Beijing. Esses obstáculos são pequenos para PCCh, que, na última década demonstrou capacidade de intensificar o ímpeto do objetivo histórico do rejuvenescimento nacional da China.