O 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, as realizações e contribuições do país asiático para o mundo, assim como as relações sino-brasileiras em diversas áreas foram temas da recente mesa-redonda especial "A Nova Jornada da China e o Mundo".
Organizado pelo Grupo de Mídia da China (GMC), em parceria com o Núcleo de Estudos Brasil-China da Fundação Vargas (FGV) e a Revista Fórum, o evento ocorreu nesta quarta-feira no prédio da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro.
Em seu discurso de abertura, a cônsul-geral da China no Rio de Janeiro, Tian Min, destacou três pontos-chave: desenvolvimento, democracia e ganhos mútuos. O relatório ao 20º Congresso Nacional do PCCh reiterou que "o desenvolvimento de alta qualidade é a tarefa primordial para construir integralmente um país socialista moderno. Para tanto, será preciso um novo paradigma que tenha como base as reformas da economia de mercado socialista e uma abertura de mais alto nível ao mundo exterior. Além disso, será promovido um crescimento verde, viabilizando a harmonia entre o ser humano e a Natureza, e assegurando, em conjunto, o bem-estar social, ao lidar com as disparidades de desenvolvimento e consolidar o alicerce para a prosperidade comum".
A diplomata enfatizou que a democracia popular de processo integral chinesa segue aperfeiçoando o seu arcabouço institucional. "Vamos assegurar que o povo possa exercer seus direitos democráticos conforme a lei nas eleições, nas consultas políticas, na tomada de decisões, na governança e na supervisão, mobilizando seu entusiasmo, a iniciativa e a criatividade. Ao mesmo tempo, vamos seguir o caminho do Estado de direito socialista com características chinesas, estabelecendo um sistema legal socialista com características chinesas e um Estado de direito socialista".
Já com o termo "ganhos mútuos", a cônsul-geral afirmou referir-se a uma abertura mais abrangente, em múltiplos níveis e numa ampla gama de setores, que começou a tomar forma desde o 18º Congresso do Partido em 2012. "Na última década, o comércio exterior da China aumentou de US$ 4,4 trilhões para US$ 6,9 trilhões, o maior volume de transação do mundo. Além disso, a China é hoje o principal parceiro comercial de mais de 140 países e territórios. Está entre os líderes mundiais na atração de investimentos estrangeiros e nos aportes no exterior. Uma China mais aberta vai compartilhar oportunidades de desenvolvimento com o resto do mundo. Terá o seu mercado voltado para o mundo. Será um mercado compartilhado por todos e acessível a todos".
O coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China da FGV, Evandro Carvalho, salientou que para buscar uma cooperação melhor com a China, o desenvolvimento centrado nas pessoas é a chave para os países que visam estabelecer uma política estratégica com os chineses. Ele ainda lembrou que, no cenário internacional dos tempos atuais, a China assumiu o papel de uma nação que visa fortalecer o multilateralismo. "Em especial, a China ao defender as organizações internacionais e promover iniciativas como Cinturão e Rota coloca-se como um aliado na luta por uma cooperação mais justa entre os países, onde todos possam ter ganho mútuo. Esta é uma oportunidade única para países como o Brasil ampliarem a sua cooperação com os chineses".
De acordo com o diretor executivo do Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Zhou Zhiwei, a China terá uma participação mais ativa na governança global. Segundo ele, a inserção internacional chinesa dá-se em buscar a coexistência pacífica entre as nações, promover reformas para a construção de um sistema global mais justo e igualitário, sem hegemonias, algo próximo à tradição diplomática brasileira.
Para o pesquisador Elias Jabbour, atual ganhador do 16º Special Book Award of China, os investimentos da China podem ser aliados na reindustrialização do Brasil, especialmente no setor de infraestrutura e logística. "O Brasil precisa sair da política de comércio de commodities e estabelecer uma relação estratégica com a China em outros campos, aproveitando as oportunidades existentes para fomentar o próprio desenvolvimento".
Conforme o diretor do Center China-Brazil Research Ronnie Lins, a inovação será o motor do mundo e a política de desenvolvimento da China envolve tecnologias disruptivas, principais diretrizes governamentais e instituições de apoio e desenvolvimento, que permitirão aprimorar o desenvolvimento tecnológico chinês.
A mídia foi um setor bastante debatido ao final da mesa-redonda, onde as possibilidades e desafios para cooperação futura foram destacados pelos jornalistas e representantes de grupos empresariais presentes. O diretor do Grupo de Mídia da China para a América Latina, Zhu Boying, acredita que o intercâmbio cultural é a forma mais efetiva de promover o contato interpessoal, enquanto a mídia é o vetor e a plataforma eficaz para a difusão cultural.