O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, reconheceu nesta terça-feira perante os membros do Supremo Tribunal Federal (STF) sua derrota nas eleições desse domingo, que consagraram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo anunciou o ministro Edson Fachin.
"O presidente da República utilizou o verbo acabar no passado. Ele disse 'acabou'. Portanto, olhar para frente", afirmou Fachin a jornalistas após uma reunião de cerca de uma hora dos ministros com Bolsonaro.
A Corte também divulgou nota oficial em que reiterou que: "O Supremo Tribunal Federal consigna a importância do pronunciamento do Presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições".
Antes de ir ao Supremo, Bolsonaro fez nesta terça-feira seu primeiro pronunciamento após perder a reeleição, no qual, sem citar a derrota, agradeceu os votos de seus eleitores e disse que continuará cumprindo a Constituição.
Quarenta e quatro horas após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro quebrou o silêncio em um evento na residência oficial do Palácio da Alvorada, onde leu um comunicado por cerca de dois minutos e deixou o salão.
Após agradecer aos mais de 58 milhões de votos recebidos, o presidente disse que os movimentos de protesto que desde a noite de domingo bloqueiam trechos de diversas estradas do país "são fruto da indignação do sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral".
Não obstante afirmar que "as manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas", Bolsonaro destacou que "os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir".
A declaração foi uma alusão aos bloqueios realizados por caminhoneiros que apoiam o presidente em estradas de todo o país e que ainda continuam, apesar da determinação do ministro Alexandre Moraes do STF de que as polícias militares dos estados atuem na desobstrução de rodovias federais, podendo multar e prender os responsáveis.
"Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição", enfatizou Bolsonaro no pronunciamento.
Apesar de Bolsonaro não ter citado a derrota em nenhum momento, após sua saída do local, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, confirmou que "o presidente Jair Bolsonaro autorizou, quando for provocado, com base na lei, a iniciarmos o processo de transição", disse o ministro.
"A presidente do Partido dos Trabalhadores (Gleisi Hoffmann), segundo ela em nome do presidente Lula, disse que na quinta-feira será formalizado o nome do vice-presidente Geraldo Alckmin. Aguardaremos que isso seja formalizado para cumprir a lei do nosso país", acrescentou Nogueira.