O secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Haitham Al Ghais, está "muito confiante sobre a economia da China", disse ele à Xinhua em entrevista exclusiva à margem do Fórum Econômico Mundial (WEF) na quarta-feira.
ECONOMIA CHINESA
Perguntado sobre a reabertura na China em termos de COVID-19, Haitham Al Ghais disse: "isso significa muito para a economia global, para a energia. E, claro, para o comércio entre a China e o resto do mundo. Isso tem um impacto significativo."
"Tendo vivido na China por quase quatro anos... Tenho fé na China. Eu sempre disse que quando as pessoas duvidarem da economia chinesa, não descontem a China, a China voltará", apontou ele.
Al Ghais, do Kuait, assumiu o cargo de secretário-geral em agosto, sucedendo o falecido chefe da OPEP, Mohammad Barkindo, que morreu em julho do ano passado.
A China registrou um crescimento econômico estável em 2022, apesar das pressões, incluindo o ressurgimento da COVID-19 e um ambiente externo complicado, com seu Produto Interno Bruto (PIB) atingindo novos máximos.
A economia cresceu anualmente 3%, para um recorde de 121 trilhões de yuans (US$ 18 trilhões) em 2022, informou o Departamento Nacional de Estatísticas na terça-feira.
"Estamos muito confiantes na economia chinesa, na força da liderança e do governo, e no povo da China", disse.
"A OPEP e a China têm tido um relacionamento de longa data e um grande diálogo, que nós, assim como nossos países membros, desfrutamos ao longo de tantos anos", observou ele.
PERSPECTIVAS ECONÔMICAS GLOBAIS
Os preços do petróleo, que chegaram perto da máxima histórica de US$ 147 por barril em março do ano passado devido ao conflito na Ucrânia, desde então perderam a maior parte de seus ganhos de 2022.
Em seu relatório mensal sobre o mercado de petróleo, divulgado na terça-feira, a OPEP manteve sua previsão de demanda global para este ano, apesar de uma melhora nas perspectivas econômicas na China, principal importadora do produto.
O grupo disse que ainda espera que a demanda por petróleo cresça 2,2 milhões de barris por dia (bpd) este ano, o que é menor do que sua estimativa anterior de crescimento de 2,5 milhões de bpd para 2022.
A previsão de crescimento econômico global para 2023 permaneceu inalterada em 2,5%, segundo o relatório. Para a China, a OPEP manteve sua previsão de crescimento econômico inalterada em 4,8% para 2023.
"Vemos a economia global ainda crescendo a um ritmo relativamente bom, tendo em vista as circunstâncias. No ano passado, o mundo estava testemunhando sinais, especialmente no segundo semestre, de uma desaceleração econômica, especialmente nos países em desenvolvimento da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)", disse Al Ghais.
"Também tivemos problemas relacionados à demanda chinesa de petróleo por causa dos extensos lockdowns depois que os casos de COVID estavam aumentando na China e as medidas que foram implementadas lá", disse ele.
DEMANDA DE PETRÓLEO
Para 2023, a OPEP manteve sua projeção de crescimento da demanda mundial de petróleo inalterada em 2,2 milhões de bpd, com os membros da OCDE crescendo 0,3 milhão de bpd e os não-membros da OCDE, 1,9 milhão de bpd.
Como política, a OPEP não prevê nem comenta sobre os preços do petróleo, mas apenas sobre a oferta e a demanda, explicou Al Ghais.
"Nossas projeções iniciais para este ano mostram que há otimismo, especialmente desde que a China se abriu. A China é uma grande potência econômica global."
Ele enfatizou que mais investimentos são necessários para transformar a indústria.
"A previsão da OPEP de hoje até 2045 é que vemos uma necessidade de US$ 12,1 trilhões a serem investidos na indústria de petróleo. Esta é uma visão holística, investimentos não apenas em produção e exploração, mas também em logística, transporte, refino a jusante, petroquímica, toda a cadeia de valor", disse ele.
TRANSIÇÃO VERDE DA CHINA
O secretário-geral também destacou a importância da transição energética verde da China.
"Estamos extremamente orgulhosos das medidas tomadas pelo governo chinês para promover a energia renovável como parte do mix de energia necessário para a China alimentar seu desenvolvimento contínuo e crescimento econômico", opinou.
O chefe da OPEP disse que o mundo "exigirá todas as fontes de energia", o que se encaixa na transição energética verde chinesa, onde todas as fontes de energia serão necessárias.
Ele saudou as "metas ambiciosas" da China que foram estabelecidas pela liderança para neutralidade de carbono.
Em 21 de setembro de 2020, a China anunciou na 75ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que pretende ter o pico das emissões de CO2 antes de 2030 e alcançar a neutralidade de carbono antes de 2060.