No dia 2 de fevereiro, hora local, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis e outros órgãos de proteção ambiental emitiram um alerta sobre a decisão da Marinha do Brasil de afundar o porta-aviões desativado "São Paulo", argumentando que isso levaria à liberação no mar de grandes quantidades de benzeno e compostos policlorados presentes no porta-aviões. Tal decisão poderia pôr em causa as cadeias alimentares, pondo em risco a saúde de seres humanos que consumam recursos marinhos.
Especialistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis disseram que a substância química bifenilas policloradas (PCBs) do porta-aviões "São Paulo" representa uma ameaça muito mais séria ao meio ambiente marinho do que o amianto.
Segundo relatos, a aplicação dessa substância nos cabos e sistemas de circuitos e componentes elétricos deste navio de guerra é muito comum, e estima-se que chegue a 200 toneladas. Com o naufrágio do navio, uma grande quantidade de PCBs será lançada na água do mar. Como essa substância não se degradará no meio ambiente, ficará muito tempo na água e será absorvida pelo plâncton, pequenos crustáceos e peixes. Especialistas alertam que comer peixe altamente contaminado com PCBs representa uma séria ameaça à saúde e segurança humana.
Segundo relatos, muitos países proibiram o uso de PCBs. A substância química sintética polui o meio ambiente, e pode induzir câncer e doenças congênitas. As autoridades brasileiras aprovaram um decreto em 2021 para determinar a cessação gradual e controlada do uso de PCBs até 2025.
A Marinha do Brasil anunciou em 1º de fevereiro que providenciará para que o "São Paulo", que está flutuando nas águas costeiras do país há cerca de três meses, afunde na zona econômica exclusiva do Brasil no Oceano Atlântico. A Marinha do Brasil informou em nota que o "São Paulo" estava em mau estado e corria risco de afundar, por isso não lhe foi permitido atracar em portos brasileiros. A Marinha planeja afundar o porta-aviões na zona econômica exclusiva do Brasil, a 350 quilômetros da costa e cerca de 5.000 metros de profundidade.
O porta-aviões "São Paulo" operava anteriormente na marinha francesa sob o nome "Foch", tendo sido comprado pelo Brasil em 2000.
O "São Paulo" foi oficialmente retirado da Marinha do Brasil em 2018 e vendido a um estaleiro turco de desmantelamento de navios em 2021. No entanto, o governo turco no ano passado recusou a sua entrada no porto, alegando que o casco do porta-aviões continha cerca de 10 toneladas de materiais tóxicos, os quais poderiam representar uma ameaça ambiental.