Português>>Economia

Funcionário da FMI vê sinais de "confiança e consumo voltando" na China

Fonte: Xinhua    08.02.2023 08h08

Um funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que dados recentes indicam que a confiança e o consumo estão voltando na China depois que o país ajustou sua resposta à pandemia da COVID-19, observando que ele espera que um "consumo de vingança" possa ocorrer no país.

"A mobilidade na segunda metade de dezembro, nas três primeiras semanas de janeiro, aumentou um pouco mais do que esperávamos. E acho que o aumento da mobilidade é uma das pré-condições para mais consumo, mas também um dos sinais de mais confiança." Thomas Helbling, vice-diretor do Departamento da Ásia e Pacífico do FMI, disse à Xinhua em uma recente entrevista virtual.

 

TRÊS FONTES DE RESILIÊNCIA ECONÔMICA

"Haverá um retorno gradual da confiança após as interrupções", disse Helbling. "Não acontece da noite para o dia, mas é o processo de retorno da confiança e das pessoas voltando às suas vidas normais, consumindo, trabalhando etc, está a caminho" .

Em uma atualização de seu relatório Perpectiva Econômica Mundial divulgada no final de janeiro, o FMI projetou que a economia da China cresça 5,2% em 2023, 0,8 ponto percentual acima da previsão de outubro de 2022, movida por uma recuperação no consumo privado.

Helbling disse que é natural que, com o relaxamento das restrições da COVID-19 e a reabertura total da economia, o consumo se beneficie muito.

"Pense em viagens e turismo. Então, houve mais turismo para o Ano Novo Lunar em relação ao que vimos nos últimos dois anos", disse ele.

O funcionário do FMI destacou três fontes primárias ao falar sobre a resiliência econômica da China. "Primeiro, no nível doméstico, as famílias têm altos níveis de poupança. Portanto, eles têm um amortecedor; eles têm oportunidades de sacar dinheiro e sobreviver em tempos difíceis", disse Helbling.

"E o governo tem espaço para ajustar as políticas e responder com políticas caso a economia se mostre mais fraca do que o esperado", disse ele.

"E em terceiro lugar, devo também mencionar, vemos que a economia está operando abaixo de seu potencial, então há um intervalo do produção, mas é relativamente pequeno", permitindo que a economia continue operando, acrescentou.

 

A RECUPERAÇÃO DA CHINA "SERÁ SENTIDA"

De acordo com a última atualização do relatório Perpectiva Econômica Mundial, projeta-se que o crescimento global de 2023 caia de 3,4%, estimado em 2022, para 2,9% e suba para 3,1% em 2024. A taxa média de crescimento entre 2000 e 2019 foi de 3,8%.

Nesse cenário, a "recuperação mais forte da China será sentida", disse Helbling, observando que o maior crescimento da China nos próximos dois anos "fará uma grande diferença" em serviços, turismo e aviação, entre outros setores da economia global.

O funcionário do FMI disse que a recuperação da China e a forte recuperação seriam uma vantagem para a Ásia, incluindo um efeito positivo para alguns exportadores de commodities, já que o FMI espera algum aumento na demanda por energia.

Em segundo lugar, os países da Ásia se beneficiarão do turismo chinês. Ele disse que o turismo na região, dado que as restrições dentro e fora da China terminaram em grande parte, resultaria em uma recuperação significativa nas economias onde o setor de hospitalidade é significativo, incluindo Tailândia e Filipinas.

"E, finalmente, os países que produzem ou estão mais envolvidos" no fornecimento de bens de consumo devem se beneficiar da recuperação da China, acrescentou.

Para a própria China, a recuperação pode ser útil no longo prazo. O funcionário do FMI observou que uma recuperação mais cedo durante as fases iniciais da pandemia foi impulsionada pelo investimento. A recuperação atual é baseada em um consumo mais robusto, resultando em algum "reequilíbrio" em linha com as metas econômicas de longo prazo da China.

 

EVITE APERTO PREMATURO

Em meio a um intervalo de produção em 2023 e riscos negativos para as perspectivas econômicas, será importante que os formuladores de políticas chineses evitem estreitamento prematuro das políticas macroeconômicas, de acordo com um relatório recente do corpo técnico do FMI após a revisão anual do Artigo IV da economia chinesa.

Em particular, o relatório observou que uma postura fiscal neutra com gastos direcionados às famílias pode ajudar a recuperação, e uma acomodação adicional da política monetária poderia protegê-la.

Olhando para o futuro, Helbling disse que as principais reformas estruturais devem ser aceleradas para aumentar o crescimento potencial, que está enfrentando ventos contrários das tendências demográficas e desacelerando o crescimento da produtividade.

"A China fez enormes avanços na melhoria de sua renda per capita e teve um desenvolvimento econômico muito rápido, excepcionalmente rápido", disse ele, observando que a China "navegou acima da média" dos mercados emergentes e das economias em desenvolvimento.

"À medida que a China avança e passa pelo nível de renda média, será importante que as fontes de crescimento passem de um crescimento extensivo baseado em investimento, crescimento da força de trabalho e se mudem mais em direção à inovação e produtividade", disse Helbling.

"Apoiar a inovação será muito importante, e isso está relacionado ao aumento do "potencial de crescimento no médio prazo", disse Helbling.

0 comentários

  • Usuário:
  • Comentar: