Uma legião de robôs se movem na superfície lunar, alguns dos quais estão empregando tecnologia de impressão 3D para converter recursos in situ em materiais de construção, enquanto outros estão colocando tijolos e completando o processo de fabricação.
Estas não são cenas incomuns em filmes de ficção científica, mas os cientistas chineses estão de fato experimentando essas ideias em laboratório.
Ding Lieyun, professor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong, lidera uma equipe na pesquisa sobre a construção de bases lunares desde 2015.
A equipe de pesquisa propôs a ideia de combinar a impressão 3D com técnicas tradicionais chinesas de alvenaria, encaixe e espiga, usando o solo lunar para produzir tijolos com juntas de encaixe e espiga e, em seguida, empregando robôs para erguer estruturas de forma análoga às peças de Lego.
Este método pode construir estruturas de edifícios lunares de tamanho maior e é relativamente eficiente em termos de energia e custo, disse Ding ao China Science Daily recentemente.
Tal construção extraterrestre enfrenta uma série de desafios. Como a Lua está em um ambiente de vácuo ultra-alto, e há uma grande mudança de temperatura de 300 a 400 graus Celsius, os métodos tradicionais de construção civil dificilmente podem ser implementados e a estabilidade estrutural não pode ser garantida.
Além disso, terremotos lunares frequentes, forte radiação de raios cósmicos, ventos solares, impactos de micrometeoritos e topografia complexa da superfície lunar, todos fazem da construção in situ na superfície lunar um super projeto, extremamente complicado e interdisciplinar.
Ding observou que materiais como aço, concreto e água necessários para a construção extraterrestre não podem ser todos trazidos da Terra e, portanto, os materiais do solo lunar devem ser usados o máximo possível para a construção in situ.
A equipe desenvolveu uma amostra impressa de sinterização a vácuo com solo lunar simulado.
"A pesquisa ainda está em fase experimental sob um ambiente simulado e, como a gravidade da Lua é apenas um sexto da da Terra, a simulação experimental é difícil", disse Ding, acrescentando que são necessários mais dados experimentais e resultados produzidos no ambiente extremo simulado.
Yu Dengyun, projetista-chefe do programa de exploração lunar de fase 4 da China, disse que um dos objetivos deste programa de exploração lunar é construir uma estação de pesquisa científica no polo sul da Lua. Yu acrescentou que esta estação de pesquisa realizará pesquisas aprofundadas sobre a ciência lunar, bem como experimentos técnicos sobre a utilização in situ dos recursos lunares.
"Construir estruturas na superfície lunar faz-se necessário para a exploração lunar a longo prazo, mas é difícil de alcançar no curto prazo", avaliou Yu.
Ele também salientou que o estudo sobre a construção extraterrestre ainda está em sua infância e precisa de mais intercâmbios, discussões e cooperação interdisciplinares.