Gongsang Dekyi trabalha no Café Kakimo, em Lhsa, capital da região autônoma do Tibete
Em uma manhã ensolarada em Lhasa, capital da região autônoma do Tibete, Gongsang Dekyi, proprietária do Café Kakimo, estava ocupada se preparando para começar o dia. O ambiente aconchegante e o café saboroso tornaram o local um ponto de encontro popular entre os jovens moradores da cidade.
Gongsang Dekyi é atualmente proprietária de uma empresa, mas costumava trabalhar no setor público.
Depois de concluir seus estudos, voltou para a trabalhar no Tibete, como muitos de seus colegas, tal como seus pais esperavam. No entanto, ela se sentia desconfortável em fazer um trabalho no qual poderia ser substituída por qualquer pessoa a qualquer momento.
"Estudei em outras províncias fora do Tibete desde muito jovem. Durante meu tempo na faculdade em Beijing, tive a oportunidade de participar em um programa de intercâmbio no exterior para pós-graduação", afirmou.
Esses anos de estudo a moldaram de várias maneiras e lhe deram um forte sentido de independência. "Para mim, um emprego estável é uma outra forma de instabilidade", disse Gongsang Dekyi.
Rompendo com o tédio do trabalho mundano, ela começou a compartilhar sua vida nas redes sociais. Abriu entretanto uma lanchonete e alimentou o sonho de abrir uma cafeteria.
A cultura única do chá do Tibete, juntamente com o ritmo lento da cidade, leva muitos residentes de Lhasa a suas tradicionais casas de chá doce em seu tempo livre. Com a mudança dos tempos e o impacto de novas culturas, o café entrou em cena. A bebida aromática gradualmente se infiltrou na vida tibetana diária, especialmente entre os jovens. "Adorei a atmosfera dos cafés desde a primeira vez que minha mãe me levou para tomar café", afirmou. "Achei que seria interessante se eu pudesse abrir um café que fosse diferente dos outros e que incorporasse minhas próprias ideias".
Após cuidadosa preparação, ela abriu o Kakimo Cafe, em agosto de 2020, em seu próprio bairro.
"Enquanto as tradicionais casas de chá doce estão por toda parte em Lhasa, as cafeterias devem desempenhar o mesmo papel - servir os residentes próximos", disse Gongsang Dekyi.
Durante a alta temporada, as receitas de vendas no café podem chegar a 3.000 (US$ 420) a 4.000 yuans por dia.
"Meu tempo de estudo fora do Tibete aprofundou meu conhecimento e expandiu meus horizontes. Agora, gostaria de trazer isso de volta para minha cidade natal e retribuir do meu jeito", disse.
Ela não está sozinha. As escolas secundárias tibetanas em outras províncias e municípios tornaram-se uma importante plataforma educacional para crianças tibetanas, proporcionando oportunidades preciosas para melhores perspetivas de carreira.
Como Gongsang Dekyi, muitos que se formaram em escolas secundárias tibetanas em todo o país optaram por voltar a trabalhar no Tibete.
Yangkyi, uma advogada de 26 anos, estava almoçando com um colega no Café Kakimo.
Frequentemente trabalhando até tarde, os jovens muitas vezes consideram o café uma necessidade revigorante. Yangkyi disse que frequentou escolas em Shanghai desde os 12 anos. Seu primeiro encontro com o café foi em um Starbucks e ela o achou "estranho".
Quando regressou ao Tibete, após a formatura, ela optou por não entrar no sistema governamental. Ela ingressou em uma empresa privada como litigante. "No Tibete, muitas pessoas ainda acham que trabalhar em uma empresa é um trabalho instável. Mas acho que o sistema de trabalhar por mais salário é mais entusiasmante", disse ela, acrescentando que 10 anos de experiência de estudo em províncias fora do Tibete lhe permitiram imaginar uma vida diferente.
Desde que as escolas secundárias tibetanas foram criadas em outras províncias, na década de 1980, muitas pessoas com talento foram educadas e a maioria regressou ao Tibete. "Existem muitas maneiras de retribuir à nossa cidade natal e podemos escolher a que mais gostamos", disse Yangkyi.