O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na última quinta-feira que o país necessita racionalidade nas políticas agrícola e ambiental, e que o problema do setor agropecuário com o governo atual é ideológico e não de gestão.
Em uma entrevista a rádios do estado de Goiás, um dos bastiões do agronegócio no Brasil, Lula destacou que não trabalha para agradar a setores específicos, mas para criar condições de trabalho para todos os brasileiros, inclusive do agronegócio, setor que, afirmou, se beneficiou muito em seus governos anteriores, com recursos e condições creditícias.
"Tenho noção do que fizemos, tenho noção que o problema deles (agronegócio) conosco é ideológico, não é um problema de ter mais dinheiro para o Plano Safra. Faremos um bom Plano Safra porque queremos que a agricultura brasileira siga produzindo, siga plantando cada vez mais para poder exportar cada vez mais", ressaltou o presidente.
"O que está em jogo é recuperar a capacidade produtiva deste país e aumentar essa capacidade produtiva sem desmatamento nem queimadas na Amazônia", acrescentou.
De acordo com o presidente brasileiro, é necessário recuperar os 30 milhões de hectares de terras degradadas para "duplicar nossa produção agrícola".
Lula destacou a racionalidade do setor para que a política internacional do país não seja prejudicada. Lembrou que, na quarta-feira, o Parlamento da França vetou o acordo Mercosul-União Europeia (UE) porque quer uma mudança na atitude do Brasil em relação à agricultura.
Aprovado em 2019 depois de 20 anos de negociações, o acordo Mercosul-UE deve ser ratificado pelos parlamentos de todos os países de ambos os blocos para entrar em vigor, um processo que envolve 31 nações.
"É preciso que a gente tenha consciência da racionalidade que tem que prevalecer na nossa política internacional. Ontem, o parlamento francês disse que não vai votar o acordo Mercosul-UE por causa da quantidade de veneno utilizado nos produtos agrícolas brasileiros. É importante a gente levar em conta que ser racional, cuidar da agricultura de boa qualidade é uma necessidade competitiva do Brasil para China e para França, para os Estados Unidos e para Alemanha, e é assim que eu quero tratar o agronegócio", afirmou Lula.
Ele destacou ainda que o cuidado do governo envolve também os pequenos produtores rurais que produzem os alimentos que vão direto à mesa, citando o estabelecimento de uma política de preço mínimo para a produção.
Esta gente também tem que ser tratada com muito respeito, porque se um do agronegócio tem um valor extraordinário para produzir commodities para gente exportar, o outro tem uma extraordinária coragem de plantar aquilo que a gente vai comer, concluiu.