A China disse na terça-feira que o relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não deve constituir uma permissão para descargas de água contaminada por energia nuclear no oceano pelo Japão, instando as autoridades japonesas a trabalhar com a AIEA para estabelecer um mecanismo de monitoramento internacional de longo prazo.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China fez as observações após ser solicitado a comentar o relatório, que alegadamente atesta que o plano do Japão de descarregar a água contaminada por resíduos nucleares no mar está em conformidade com os padrões internacionais de segurança. A AIEA adiantou que irá conduzir o monitoramento de longo prazo sobre atividades de descarga no oceano do Japão.
O porta-voz disse ter tomado conhecimento que o relatório não reflete na totalidade as opiniões dos especialistas que participaram da revisão e que a conclusão não foi compartilhada por todos. O lado chinês lamenta a divulgação impulsiva do relatório.
Devido ao seu mandato limitado, a AIEA falhou em revisar a justificativa e legitimidade do plano de descarga oceânica do Japão, avaliar a eficácia de longo prazo da instalação de purificação do Japão e corroborar a autenticidade e precisão dos dados da água contaminada por energia nuclear do Japão. Deste modo, a conclusão é amplamente limitada e incompleta, disse o porta-voz.
Simplesmente para economizar custos, o Japão insistiu em descarregar a água contaminada no mar, ignorando as preocupações e a oposição da comunidade internacional e tomando o Oceano Pacífico como um "esgoto", disse o porta-voz.
O porta-voz acrescentou que não importa o que o relatório diga, isso não mudará o fato de que o Japão liberará milhões de toneladas de água contaminada por energia nuclear de Fukushima no Oceano Pacífico nas próximas três décadas.
"A instalação de purificação de água do Japão será eficaz a longo prazo? A comunidade internacional poderá ser informada oportunamente quando a água lançada exceder o limite de descargas? Que impacto terá a acumulação e concentração de radionuclídeos a longo prazo no ambiente marinho e na segurança alimentar? Estas são perguntas que o relatório da AIEA não conseguiu responder", disse o porta-voz.
Observando que a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar estipula que os Estados têm a obrigação de proteger e preservar o meio ambiente marinho, e que a Convenção sobre a Prevenção da Poluição Marinha por Despejo de Resíduos e Outras Matérias em 1972 proíbe o despejo de todos os resíduos radioativos no oceano a partir de estruturas feitas pelo homem no mar, o porta-voz disse que o que o Japão viola sua responsabilidade moral internacional e obrigações sob o direito internacional.
"Uma vez mais, pedimos ao lado japonês que interrompa seu plano de descarga no oceano e descarte a água contaminada de forma segura, transparente e com base científica", disse o porta-voz.
O porta-voz instou também o lado japonês a trabalhar com a AIEA para implementar o mais rápido possível um mecanismo de monitoramento internacional de longo prazo que envolva as partes interessadas, incluindo os países vizinhos do Japão.