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Presidente do Brasil denuncia "neocolonialismo verde" no encerramento da Cúpula da Amazônia

Fonte: Xinhua    11.08.2023 11h09

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou na quarta-feira, ao encerrar a Cúpula da Amazônia, o que chamou de "neocolonialismo verde" e voltou a reclamar sobre o cumprimento dos compromissos de financiamento para projetos sustentáveis por parte dos países desenvolvidos.

Lula fez a declaração ao encerrar a reunião de dois dias da Cúpula da Amazônia, a IV Reunião de Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica, realizada na cidade de Belém, capital do estado do Pará.

Participaram do encontro organizado pelo Brasil os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro; Bolívia, Luis Arce e Peru, Dina Boluarte; o primeiro-ministro da Guiana, Mark Phillips, a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez; e os chanceleres do Equador, Gustavo Manrique, e Suriname, Albert Ramdin, além de representantes de países convidados.

"Não podemos aceitar um neocolonialismo verde que, com o pretexto de proteger o meio ambiente, impõe barreiras comerciais e medidas discriminatórias e desconsidera nossos marcos regulatórios e políticas internas", disse.

"O que precisamos para dar um salto de qualidade é de financiamento de longo prazo e sem condicionalidades para projetos de infraestrutura e industrialização verdes", continuou.

Em seu discurso, Lula afirmou que os países com florestas tropicais herdaram do passado colonial um modelo econômico predatório, um modelo baseado na exploração irracional dos recursos naturais, na escravidão e na exclusão sistemática das populações locais.

O presidente brasileiro voltou a defender a ideia de que os países ricos financiem projetos de preservação do meio ambiente nas nações que ainda têm florestas e qualificou de "inexplicável" a participação reduzida desses países nos mecanismos mundiais de financiamento.

Lula citou o Fundo Mundial para o Meio Ambiente, no qual os países amazônicos dividem cadeiras, enquanto as nações ricas têm assentos próprios.

"Sanar a falta de representação é um elemento essencial de uma proposta abrangente e profunda de reforma da governança mundial que beneficie a todos os países em desenvolvimento", ressaltou.

Lula afirmou também que a declaração conjunta assinada na Cúpula da Amazônia" será o primeiro passo para uma posição comum na COP28 (Conferência do clima da ONU) a ser realizada no fim deste ano em Dubai, Emirados Árabes Unidos, com vistas à COP30", que será realizada também em Belém, em 2025.

Lula enfatizou a necessidade de se despertar para a urgência do problema das mudanças climáticas e reforçou a necessidade de união entre os países que possuem parte da floresta amazônica. "Se não agirmos agora, não vamos atingir a meta de evitar que a temperatura suba mais que um grau e meio em relação aos níveis anteriores à Revolução Industrial."

"A COP30, que também acontecerá aqui em Belém, em 2025, será um marco tão importante como foi a COP21 em 2015, quando se adotou o Acordo de Paris", afirmou. Segundo ele, todos os países devem apresentar sua segunda rodada de compromissos de redução de emissões, já que "pode ser nossa última chance de garantir um clima estável para o planeta Terra".

Além dos países amazônicos, participaram da reunião como convidados representantes da República do Congo, da República Democrática do Congo e da Indonésia, países que possuem grandes reservas de florestas tropicais e da França, Noruega e Alemanha.

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