O governo brasileiro e a empresa State Grid Brasil, de origem chinesa, assinaram na última quarta-feira em Brasília o maior contrato de transmissão de energia da história do setor elétrico brasileiro, que tinha sido leiloado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em dezembro passado.
O projeto representa 18,1 bilhões de reais (US$ 3,46 bilhões) em investimentos, 83% do valor total contratado no leilão, e inclui a construção de 1.513 km de linhas de transmissão em corrente contínua e a manutenção de outros 1.468 km nos estados do Maranhão (nordeste), Tocantins (norte) e Goiás (centro-oeste).
Devido a sua complexidade, o projeto tem um prazo de execução de 72 meses, superior aos 60 meses habituais.
Pela parte brasileira, a cerimônia realizada nesta quarta-feira no Palácio do Planalto em Brasília, foi encabeçada pelo Ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, enquanto representando a empresa chinesa, estavam Sun Tao, presidente da State Grid Brazil Holding (SGBH), e Jin Wei, vice-presidente da State Grid Corporation of China (SGCC).
Além do contrato com a State Grid, foram assinados os contratos de dois lotes menores, concedidos em dezembro às empresas brasileiras: Consorcio Olympus 16, liderado pela Alupar Investimentos e integrado também pela Mercury Investimentos e a Celeo Redes Brasil.
"A agenda de hoje é o resultado do maior leilão de transmissão da história de nosso país e estas ações beneficiam diretamente as residências, as empresas e as indústrias", afirmou Silveira.
"Nossa atenção se concentra no cidadão, que necessita acesso à eletricidade a um preço justo, sem interrupções. Por isso, temos investido em tantas iniciativas centradas na transição energética e o Brasil tem avançado mais do que nunca nesse sentido", acrescentou.
As obras de interconexão se encarregarão de transportar ao resto do país o excedente de energia produzido por fontes renováveis no Nordeste, que está experimentando um auge de novos projetos de energia eólica e solar.
O Ministério das Minas e Energia estima que, até 2027, o Nordeste contribuirá com 13.328 MW para a capacidade instalada do Sistema Interconectado Nacional (SIN), consolidando a região como vetor de segurança e de transição energética.
"O Brasil está mais interconectado, mais forte, mais unido e mais verde. Tudo isso significa segurança energética para nossa população. Isto significa combater a desigualdade, cuidar dos mais pobres, buscar o desenvolvimento social e econômico, gerar empregos de qualidade e renda para nosso povo", ressaltou o ministro.
Os investimentos acordados chegam a um total de 21,7 bilhões de reais (US$ 4,34 bilhões), e as concessões têm uma duração de 30 anos.
Os três contratos firmados nesta quarta-feira totalizam 4.471 km de linhas de transmissão, incluindo a construção, a manutenção e a exploração, das quais 3.007 km serão de linhas novas.
Nesta terça-feira, o CEO da State Grid Brasil, Sun Peng, anunciou a intenção de investir 200 bilhões de reais (US$ 40 bilhões) no setor energético brasileiro nos próximos anos.
Os novos investimentos serão realizados nos segmentos de transmissão, produção e distribuição do setor elétrico, bem como em fontes renováveis e empreendimentos minerais concentrados em minérios estratégicos para a transição.
Considerada atualmente uma das maiores empresas de energia do país sul-americano, a State Grid Brazil Holding iniciou suas operações em 2010 com a aquisição de sete empresas de transmissão de energia no Brasil, e conta com 24 concessionárias.