O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de Brasil avalia que tem havido um aumento das incertezas internas e externas para a trajetória dos preços, razão pela qual reforçou seu compromisso com a manutenção da inflação sob controle.
A afirmação está na ata divulgada nesta terça-feira da última reunião do Copom, na qual o órgão decidiu reduzir o ritmo de corte da taxa básica de juros Selic, que caiu 0,25 ponto percentual, de 10,75 para 10,50% ao ano.
Foi o primeiro corte menor na Selic desde que o Banco Central iniciou o processo de flexibilização monetária em agosto, depois de seis cortes de 0,50 ponto percentual.
No documento, o Banco Central destaca o entorno externo mais adverso, com dúvidas sobre o início da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e a velocidade da desinflação.
Segundo a pesquisa Focus divulgada na segunda-feira pelo Banco Central, o mercado financeiro projeta uma inflação de 3,76% este ano e de 3,66% em 2025, ambas dentro da margem da meta oficial, que é de 3%, com 1,5 ponto percentual de tolerância.
Apesar da expectativa favorável, as projeções para a inflação vêm subindo de maneira persistente nas últimas semanas.
O Copom também assinalou que a força da atividade econômica brasileira está surpreendendo, assim como o mercado de trabalho, o que exerce pressão sobre a inflação. Por outro lado, o Banco Central está preocupado com o risco fiscal que teria aumentado nas últimas semanas.
"O Comitê avalia que o cenário prospectivo da inflação se tornou mais desafiador, com um aumento das projeções da inflação a médio prazo, inclusive condicionado a um tipo de juros mais alto", diz o texto.
Com relação à decisão de cortar a Selic em 0,25 ponto percentual, a ata assinala que houve divisão entre os membros do Copom, já que cinco optaram pela redução mais moderada, enquanto quatro votaram a favor de manter os cortes em 0,50 ponto percentual.
A divergência entre os membros do colegiado se concentraram na conveniência ou não de cumprir a orientação anunciada na reunião anterior, que antecipou um novo corte de meio ponto.
De acordo com a ata, todos os membros do Copom, porém, concordaram sobre o aumento das incertezas na trajetória da inflação.
A próxima reunião do Copom para definir a taxa de juros está prevista para os dias 18 e 19 de junho.