Segundo Alexander Kellner, paleontólogo e diretor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o "Meilifeilong youhao" (Lindo dragão voador e amigável, tradução literal), nome de uma espécie de pterossauro, representa não apenas uma nova conquista na pesquisa paleontológica, mas também a cooperação profunda entre o Brasil e a China.
Em dezembro de 2023, uma equipe de pesquisa sino-brasileira, coordenada por Kellner e Wang Xiaolin, pesquisador chinês do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Vertebrados da Academia Chinesa de Ciências, classificaram esta espécie de pterossauro no grupo Chaoyangopteridade com base em estudo de fósseis encontrados em Liaoxi, Província de Liaoning, nordeste da China. Os dois lados denominaram-na de "Meilifeilong youhao" com o objetivo de comemorar a cooperação bilateral no campo da pesquisa paleontológica, que já dura mais de 20 anos.
Os "'Meilifeilong youhao' viveram há 120 milhões de anos, no período Cretáceo. Os fósseis dos membros do grupo Chaoyangopteridade são encontrados principalmente na Biota Jehol, ao oeste de Liaoning, no nordeste da China, caracterizam-se por tamanho médio, sem dentes e coroa alta. Além da China, há apenas alguns registros fósseis confirmados de Chaoyangopteridade no Brasil", informou Wang Xiaolin, acrescentando que a descoberta e o estudo da família de Chaoyangopteridade, incluindo o "Meilifeilong youhao", reforça a ideia de que Liaoxi foi o centro de origem de vários táxons de pterossauros do Cretáceo.
Para a pesquisa básica de fósseis, o mais importante é a observação morfológica e a comparação taxonômica. Quando a restauração desse espécime foi concluída e foi apresentada aos especialistas brasileiros pela primeira vez, os pesquisadores brasileiros ficaram chocados com seu esqueleto quase completo. Os pesquisadores dos dois países, portanto, batizaram a nova espécie de "Meilifeilong youhao", em que "youhao" simboliza os 20 anos de cooperação amigável entre os cientistas dos dois países.
Em termos de pesquisa acadêmica, desde 2003, a equipe de pesquisa sino-brasileira publicou dezenas de artigos na Nature e em outras revistas internacionais, descobriu e relatou um grande número de fósseis paleontológicos e nomeou 17 novas espécies de pterossauros e dinossauros. A equipe realizou explorações de fósseis em vários lugares da China, como Liaoning e Xinjiang, e chegou até a Antártida para realizar escavações.
Em setembro de 2018, o Museu Nacional do Brasil foi infelizmente destruído por um incêndio. A equipe chinesa não hesistiu em ajudar o Museu na reconstrução e convocou museus e institutos chineses a realizarem doações de espécimes e cooperações em pesquisa científica. Em novembro de 2018, os museus nacionais da China e do Brasil assinaram um memorando de cooperação, declarando que, no futuro, os dois museus teriam uma cooperação abrangente nas áreas de intercâmbio de exposições, pesquisa de relíquias culturais, escavação arqueológica e assim por diante.
O ano de 2024 marca o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e o Brasil. "A descoberta do 'Meilifeilong youhao' mais uma vez atesta a cooperação amigável e a profunda amizade entre os dois países. Acredito que a perspectiva da cooperação China-Brasil em pesquisa científica básica será ainda mais ampla. O aprofundamento contínuo da cooperação entre os dois países em vários campos trará mais benefícios para os povos de ambos os países." manifestou Wang Xiaolin.
Conforme Keller, o renovado Museu Nacional do Brasil será reaberto para o mundo em 2026, quando as exibições de relíquias culturais da China vão certamente aprofundar a compreensão do povo brasileiro sobre a China e intensificar os laços bilaterais.