O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na terça-feira que o Banco Central deve cuidar da política monetária do país, maior economia da América Latina, e não estar a serviço do sistema financeiro.
"O Banco Central é um banco do Estado do Brasil destinado a cuidar da política monetária. Não pode estar a serviço do sistema financeiro, a serviço do mercado", disse o presidente à Rádio Sociedade, de Salvador, capital do estado da Bahia, ao comentar a valorização do dólar vivida nas últimas semanas.
Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, ao afirmar que ele atua com perfil "político" devido à valorização do dólar frente ao real vivida nas últimas semanas, movimento que qualificou de "jogo especulativo de interesses contra o real".
O presidente e fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) reclamou que a lei de autonomia do Banco Central o obriga a conviver até 31 de dezembro com Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022).
No entanto, esclareceu que aguardará o fim do mandato de Campos Neto para indicar seu sucessor.
Por sua vez, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que Campos Neto permitiu a desvalorização do real diante de um "ataque especulativo" do sistema financeiro contra a moeda brasileira.
"Mais um dia de ataque especulativo ao real e o Banco Central continua de braços cruzados, sem realizar as operações de compra ou swap necessárias neste momento", disse Hoffmann em mensagem nas redes sociais.
O dólar fechou esta terça-feira no centro financeiro de São Paulo a 5,66 reais, no maior nível desde 10 de janeiro de 2022.
Durante o primeiro semestre do ano, o dólar avançou 15,7% em relação ao real no Brasil.