A terceira reunião de sherpas (representantes pessoais de um Chefe de Estado) sob a presidência brasileira do G20 foi concluída nesta sexta-feira no Rio de Janeiro, em um encontro marcado por uma inovação, uma sessão conjunta de Sherpas com representantes dos grupos de compromisso do G20, que puderam transmitir as suas prioridades aos principais representantes do governo.
Esta inovação faz parte do G20 Social, uma iniciativa brasileira para aumentar a participação de atores não governamentais nas atividades e processos de tomada de decisão do G20, que culminará na Cúpula Social do G20, de 14 a 16 de novembro, no Rio de Janeiro.
Os sherpas também discutiram o andamento dos trabalhos sob a presidência brasileira do G20, com especial atenção aos dois grupos de trabalho criados: o estabelecimento de uma aliança global contra a fome e a pobreza e uma mobilização global contra as mudanças climáticas.
O diplomata brasileiro Mauricio Carvalho Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores e sherpa brasileiro no G20, explicou em entrevista coletiva como foram desenvolvidos os encontros.
"Tivemos uma sessão inicial para apresentar o progresso dos grupos de trabalho sobre finanças, do grupo de trabalho sobre a mobilização para as alterações climáticas e do grupo de trabalho para lançar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza", disse.
Numa outra sessão foram debatidas questões geopolíticas, destacando-se os temas mais polêmicos da agenda internacional.
"Discutimos isso porque um dos objetivos desta reunião era permitir que os grupos de trabalho, agora que se reúnem a nível ministerial, tivessem os seus resultados aprovados por todos e refletidos em documentos dos próprios ministros", explicou Lyrio.
Numa terceira sessão, pela primeira vez, houve interação direta entre os Sherpas do G20, que são os representantes dos líderes no grupo, com os coordenadores do grupo de envolvimento da sociedade civil sobre uma ampla gama de questões, como a questão das mulheres, o grupo de jovens, cientistas, sindicatos, empresários, entre outros, uma inovação da presidência brasileira do G20.
"O objetivo desta reunião foi justamente receber as contribuições e sugestões dos grupos de compromisso, através de um relatório apresentado pelos seus coordenadores, para que nós, os sherpas, tenhamos insumos para incorporar também a visão da sociedade civil. Esta tem sido uma diretriz do governo brasileiro desde o início de sua presidência, a ideia de que o G20 tem que estar mais próximo da sociedade para melhor responder às suas preocupações", disse Lyrio.
"Foram 13 grupos de compromisso. Foi a primeira vez que ocorreu esse tipo de interação entre os representantes dos governos do G20 e os representantes dos grupos de compromisso. Houve uma grande variedade de demandas, como a questão da inteligência artificial e dos dados, a questão de gênero, a questão do trabalho digno", acrescentou.
A quarta sessão foi um debate com os sherpas sobre os próximos passos, como liderar os grupos do G20 até à Cúpula de novembro. "Discutimos questões como a estrutura da futura declaração dos líderes, a questão de algumas reuniões importantes e a necessidade delas gerarem resultados. Teremos quatro reuniões ministeriais do G20 em julho", concluiu.