A resposta da Apple aos rumores amplamente difundidos de que o novo sistema operacional do iPhone poderá não continuar suportando o popular aplicativo de bate-papo WeChat, ou que o aplicativo pode nem estar mais disponível na Apple Store, fez pouco para resolver as preocupações dos clientes. A Apple disse recentemente ser incapaz de comentar sobre os rumores até que a Apple e a Tencent conversem sobre o assunto.
As preocupações do público são compreensíveis, dado que, de acordo com a instituição de pesquisa de mercado QuestMobile, os usuários do iPhone na China são mais de 250 milhões, enquanto o número de usuários ativos do WeChat excede 1 bilhão, somente na parte continental da China. Para a maioria dos usuários chineses, o WeChat é um aplicativo conveniente que integra lista de contatos, serviço de mensagens, chamadas e opções de entretenimento diário, tudo em um só lugar e gratuitamente.
O grande número de usuários do WeChat é um fator-chave pelo qual tantas empresas, sejam elas titulares de contas oficiais ou streamers ao vivo, usam a plataforma para ganhar dinheiro. Foi com o suporte do WeChat que a Tencent ganhou 609 bilhões de yuans (US$ 85,6 bilhões) em receita empresarial em 2023; até mesmo seu produto de inicial, o QQ, tem 571 milhões de usuários neste momento.
No entanto, nem mesmo a Tencent ousa transformar o WeChat em um aplicativo pago por medo de perder usuários. Em certo sentido, cobrar dinheiro aos usuários do WeChat não seria uma manobra lucrativa, uma vez que uma taxa de utilização anual imaginada de 10 yuans apenas ajudaria a arrecadar mais de 10 bilhões de yuans, um valor possivelmente muito menor do que as perdas causadas por uma quebra de usuários. É por essa razão que a Tencent procurou várias vezes fazer frente a rumores desse gênero, enfatizando que não irá transformar o WeChat em um aplicativo pago.
Essa é uma lição que a Apple pode também aprender. Na era das mídias sociais, os usuários são a maior fonte de recursos, e qualquer desenvolvedor de software ou hardware que tenha o maior número de usuários ganha. Em vez de insistir em seu "imposto Apple" de 30 por cento ou em outras taxas a cobrar sobre aplicativos de tamanho tão grande em uma nação com uma população de 1,4 bilhão, a Apple poderá precisar de pensar criativamente para manter a lealdade de seus usuários, fazendo com que ganhe dinheiro de outras maneiras mais sustentáveis.
Os dados mais recentes do instituto de pesquisa da indústria tecnológica RUNTO mostram que, embora os tablets da Apple tenham permanecido os mais vendidos na China em julho, suas vendas registraram uma queda de 21% ano a ano. A agência de pesquisa de mercado Canalys também descobriu que, no segundo trimestre de 2024, as vendas do iPhone ficaram em segundo lugar entre todas as marcas, o que mostra uma tendência de queda.
A menos que a Apple mude sua atitude, essa tendência de queda poderá continuar.