Pessoas usam escada rolante numa estação de metrô em Beijing, capital da China, em 11 de maio de 2021. (Foto: Ju Huanzong/Xinhua)
Nas 22 cidades mais populosas da China, os passageiros de longa distância ainda enfrentam desafios, com mais de 8 milhões de pessoas se deslocando mais de 50km por dia, de acordo com um relatório divulgado na quinta-feira (17).
A descoberta vem do relatório de monitoramento de deslocamento das principais cidades da China, divulgado por um instituto de pesquisa do Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural, em colaboração com a Academia Chinesa de Planejamento e Design Urbano.
Abrangendo 45 grandes cidades chinesas com transporte ferroviário, o relatório mostra que entre as 22 cidades com população superior a 5 milhões, Beijing tem a maior proporção de passageiros de longa distância, com 12% viajando mais de 50 quilômetros, seguida por Guangzhou com 10%.
Em termos de tempo de deslocamento de ida, 28% dos passageiros viajam por mais de 60 minutos na capital chinesa, enquanto em Shanghai, Chongqing, Tianjin, Wuhan e Qingdao, mais de 15% dos passageiros se enquadram nessa categoria.
Um desses passageiros é um indivíduo de 46 anos de sobrenome Sun. Todos os dias úteis, ele sai de casa em Tianjin, um município de 13,6 milhões de pessoas indo para Beijing, por volta das 6h, dirige até uma vaga de estacionamento perto da Estação Ferroviária de Tianjin e, em seguida, embarca num trem de alta velocidade e metrô para chegar ao seu local de trabalho em Beijing — um deslocamento de quase duas horas de ida que ele mantém há uma década.
"Eu passo cerca de 12 horas fora de casa todos os dias, mas não há outra escolha", disse Sun, acrescentando que ele se desloca em vez de alugar um apartamento em Beijin principalmente porque quer acompanhar seu filho que está frequentando uma escola secundária em Tianjin.
Para muitos passageiros de longa distância como Sun nas megacidades, os serviços de transporte ferroviário ainda precisam de melhorias.
Embora a área total coberta pelo transporte ferroviário operacional nas 42 cidades pesquisadas com serviços de metrô exceda 10.000 quilômetros, apenas um quinto dos passageiros vive e trabalha a 800 metros de uma estação.
"Cada 430.000 yuans (cerca de 60.376 dólares americanos) investidos na construção do transporte ferroviário resulta em apenas uma pessoa adicional ganhando acesso à faixa de 800 metros", disse Fu Lingfeng, um funcionário da Academia Chinesa de Planejamento e Design Urbano.
Guo Jifu, diretor do Instituto de Transporte de Beijing, explicou que cidades maiores com uma proporção maior da indústria terciária acham cada vez mais desafiador equilibrar locais de trabalho e moradia.
"Embora os planejadores imaginem um cenário ideal, a realidade é que a separação entre trabalho e residência continua disseminada nas áreas urbanas", disse Guo.
Para melhorar as experiências de deslocamento, Guo propôs medidas como integrar o transporte ferroviário ao desenvolvimento urbano, construir sistemas de deslocamento eficientes e incentivar os empregadores a fornecer moradia e adotar arranjos de trabalho flexíveis.
De acordo com Yang Zeng, professor da Universidade de Shanghai, a tendência de viver e trabalhar em cidades na China é única e difere das experiências ocidentais, e esse fenômeno reflete o potencial de longo prazo.
"Estratégias como a integração de aglomerados urbanos estão melhorando o transporte e fornecendo aos jovens mais flexibilidade, permitindo que trabalhem em cidades diferentes sem ter que morar no centro da cidade principal", disse Yang.
Para Sun, seu deslocamento de horas é uma mistura de alegria e fadiga. Durante a viagem, ele tira cochilos curtos, lida com o trabalho em seu telefone e ocasionalmente assiste a vídeos curtos. "Posso lidar com muitos problemas enquanto viajo. É uma boa maneira de usar meu tempo. Eu me acostumei a esse estilo de vida", afirmou ele.