A primeira reunião de líderes após a ampliação dos BRICS decorreu em Kazan, na Rússia.
O mundo enfrenta uma escolha crítica: permanecer em um estado de turbulência ou buscar retornar ao caminho do desenvolvimento pacífico. Os BRICS precisam de demonstrar como proceder.
“Recordo-me da obra do escritor russo Tchernyshevsky, intitulada 'O que fazer?'. A forte vontade e a paixão de luta do protagonista são a força espiritual de que precisamos agora”, afirmou o presidente Xi Jinping durante a 16ª reunião de líderes dos BRICS, em 23 de outubro.
“Devemos construir um 'BRICS da paz', um 'BRICS da inovação', um 'BRICS verde', um 'BRICS da justiça' e um 'BRICS cultural', transformando os BRICS em um canal para promover a unidade e a cooperação do 'Sul Global' em uma força pioneira na reforma da governança global”, afirmou.
Sobre a crise na Ucrânia, Xi Jinping afirmou que “devemos manter os três princípios de que 'a guerra não deve expandir, os conflitos não devem se intensificar e todos devem evitar aumentar as tensões', de forma a promover uma rápida desescalada da situação”.
No que concerne à situação humanitária em Gaza e aos conflitos no Líbano, o presidente chinês apelou à promoção de“um cessar-fogo imediato, trabalhando incansavelmente para uma solução abrangente, justa e duradoura da questão palestiniana”.
Em conjunto com o Brasil e outros países do 'Sul Global', a China lançou o grupo “Amigos da Paz” para a crise na Ucrânia e convocou uma cúpula virtual especial sobre a questão israelense-palestiniana com outros países do BRICS.
Tais iniciativas e ações refletem uma visão de paz e segurança. Baseando-se na ideia de que “a humanidade é uma comunidade de segurança indivisível”, a China propôs uma iniciativa global de segurança, defendendo uma visão de segurança “comum, abrangente, cooperativa e sustentável”, injetando estabilidade e energia positiva no mundo, juntamente com seus parceiros dos BRICS.
Na reunião de Kazan, Xi Jinping destacou que “devemos construir um 'BRICS da inovação' e ser pioneiros no desenvolvimento de alta qualidade”.
Olhar para o passado: estabelecer o “Parque de Incubação de Ciência e Tecnologia da China e dos BRICS na Nova Era”, co-construir o “Mecanismo de Cooperação em Indústrias Sustentáveis dos BRICS”, e criar o Centro de Desenvolvimento e Cooperação em Inteligência Artificial da China e dos BRICS.
Para o futuro, a China estabelecerá o Centro Internacional de Pesquisa de Recursos Marinhos dos BRICS, o Centro de Cooperação da China em Zonas Econômicas Especiais dos BRICS, o Centro de Capacidades Industriais da China nos BRICS, e a Rede de Cooperação Ecológica da Indústria Digital dos BRICS.
Todas essas iniciativas possibilitam alcançar benefícios mútuos, permitindo que os países do BRICS se ajudem mutuamente em seus rumos de desenvolvimento.
“O verde é a cor desta era, e os BRICS devem se integrar ativamente na transformação global para uma economia de baixo carbono”. Focando no desenvolvimento sustentável, Xi Jinping propôs que os BRICS construam um “BRICS verde” e se tornem praticantes do desenvolvimento sustentável.
Com produtos conhecidos como “novos três” do comércio externo da China — veículos elétricos, baterias de lítio e produtos fotovoltaicos —, as exportações de 2023 ultrapassaram pela primeira vez a marca de um trilhão de yuans.
Essa capacidade de produção não só impulsiona o desenvolvimento econômico da China, como oferece também um importante pilar para o desenvolvimento verde no mundo.
Para os países do BRICS e do 'Sul Global', a promoção da industrialização e modernização, expansão da cooperação em indústrias verdes, energia limpa e minerais verdes, e promoção do desenvolvimento “verde” de toda a cadeia industrial é uma oportunidade histórica para superar os desafios, evitando o caminho já trilhado pelo Ocidente e escolhendo sabiamente um desenvolvimento sustentável.
A reforma do sistema de governança global é uma grande responsabilidade dos BRICS.
“Devemos construir um 'BRICS justo' e ser líderes na reforma do sistema de governança global”. Após a ampliação do bloco, os BRICS representam quase metade da população mundial e um quinto do comércio global, sendo uma força importante na modelagem da evolução do cenário internacional.
Xi Jinping mencionou especialmente a reforma da arquitetura financeira internacional, enfatizando que “os BRICS devem desempenhar um papel de liderança, aprofundar a cooperação financeira, promover a interconexão das infraestruturas financeiras e garantir um alto nível de segurança financeira, fortalecendo o Novo Banco de Desenvolvimento e promovendo uma melhor reflexão do sistema financeiro internacional sobre as mudanças na economia global”.
Com a política, a economia e a cultura como “três motores”, o caminho da cooperação dos BRICS se expande cada vez mais.
“Devemos construir um 'BRICS cultural' e ser defensores da coexistência harmoniosa de civilizações”. Desde a troca de experiências de governança até à cooperação nas áreas de educação, esportes e artes, há muito a ser alcançado pelos BRICS.
A iniciativa de cooperação em educação digital dos BRICS proposta por Xi Jinping não só obteve ampla aceitação, como foi também aprofundada na reunião dos Ministros da Educação dos BRICS realizada este ano.
A implementação do Plano de Capacitação em Educação Digital dos BRICS estabelecerá 10 centros de aprendizado no exterior nos próximos cinco anos, oferecendo oportunidades de treinamento para 1.000 gestores educacionais e estudantes. A ação da China ajudará a aprofundar e a concretizar os intercâmbios culturais entre os BRICS.