Cerca de 8,7 milhões de pessoas saíram da pobreza no Brasil em 2023 em comparação com o ano anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao avaliar que o nível de pobreza no país está em seu nível mais baixo desde 2012.
Especificamente, a proporção da população do país abaixo da linha da pobreza, de acordo com os padrões do Banco Mundial (US$ 6,85 por pessoa por dia ou 665 reais por mês, equivalente a aproximadamente US$ 110,83), caiu de 31,6% para 27,4% no ano passado, o nível mais baixo registrado desde 2012.
No total, 8,7 milhões de pessoas saíram da pobreza num ano, reduzindo o número de pessoas afetadas de 67,7 milhões para 59 milhões.
A pobreza extrema, definida como viver com menos de US$ 2,15 por pessoa por dia ou 209 reais por mês (aproximadamente US$ 34,83), também apresentou um declínio significativo. A proporção caiu de 5,9 para 4,4%, primeira vez que este indicador ficou abaixo de 5% desde 2012.
Em termos numéricos, 3,1 milhões de pessoas saíram da pobreza extrema, reduzindo o número total de 12,6 milhões para 9,5 milhões.
Em 2023, o índice de Gini manteve-se em 0,518, o mesmo de 2022, indicando que não houve redução da desigualdade de rendimentos em relação ao ano anterior. Segundo o IBGE, "ao atuar principalmente com base na estrutura de renda, os efeitos dos benefícios dos programas sociais impediram o aumento do Gini. Sem esses benefícios, o índice teria passado de 0,518 para 0,555".
Em 2023, o rendimento total apropriado pelos 10% da população com rendimentos mais elevados era 3,6 vezes superior ao dos 40% com rendimentos mais baixos. Este dado não sofreu alterações em comparação com 2022, em linha com os resultados do índice de Gini.
O aumento do emprego teve um impacto significativo na incidência da pobreza em 2023. Entre as pessoas empregadas, menos de 1% foram consideradas extremamente pobres, enquanto entre as pessoas desempregadas esta proporção atingiu 14,6%. Da mesma forma, a proporção de pessoas empregadas em situação de pobreza (14,2%) era muito inferior à dos pobres desempregados (54,9%).
"Esses indicadores mostram que existe pobreza entre a população ocupada, provavelmente relacionada à vulnerabilidade social de determinados segmentos do mercado de trabalho. No entanto, a pobreza e a pobreza extrema são menos intensas entre os trabalhadores do que entre a população desempregada", acrescenta o instituto.
Segundo o IBGE, em 2023, aproximadamente 51% da população da zona rural vivia em domicílios beneficiados por programas sociais, enquanto na zona urbana essa proporção era de 24,5%. No grupo de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos, 42,7% (quase dois em cada cinco) viviam em domicílios que recebiam esses benefícios.
O número de jovens entre os 15 e os 29 anos que não estudavam nem trabalhavam atingiu o nível mais baixo desde 2012, com 10,3 milhões (equivalente a 21,2%). Deste grupo, 4,6 milhões (45,2%) eram mulheres negras ou pardas, enquanto as mulheres brancas representavam 1,9 milhões (18,9%). Entre os homens, 2,4 milhões (23,4%) eram negros ou pardos e 1,2 milhões (11,3%) eram brancos.