Por Wang Chengan
Em 25 de junho de 1975, a China e Moçambique estabeleceram relações diplomáticas formais. Ao longo de meio século, sob a orientação estratégica dos líderes de ambos os países, a parceria evoluiu para uma relação de parceria estratégica abrangente, marcada pela confiança mútua, cooperação e apoio recíprocos. A China e Moçambique tornaram-se bons amigos, bons parceiros e bons irmãos.
Já no início do século XV, a frota chinesa liderada por Zheng He, da dinastia Ming, havia chegado à região de Sofala e à Ilha de Moçambique, no sudeste africano. A descoberta de milhares de peças de porcelana da dinastia Ming é prova concreta disso.
Na década de 1970, Moçambique conquistou a sua independência nacional, mas enfrentava sérias dificuldades no desenvolvimento social e tinha uma base econômica frágil. Na época, a China também não era um país rico, mas ainda assim estendeu a mão e ajudou Moçambique na reconstrução nacional. Foram erguidos diversos projetos de cooperação, como o centro de demonstração de tecnologia agrícola, escolas técnicas, habitações econômicas e o estádio nacional. Esses projetos desempenharam um papel importante nos setores agrícola, educacional, de bem-estar social e infraestrutura, beneficiando diretamente o povo moçambicano.
Com o aprofundamento contínuo da cooperação bilateral, os setores abrangidos passaram a incluir agricultura, indústria, energia, infraestrutura, turismo e desenvolvimento social. Destaca-se, em especial, a Ponte Maputo-Katembe, construída por uma empresa chinesa, considerada a maior travessia da África e símbolo da cooperação no âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota. Empresas chinesas também participam da exploração, desenvolvimento e produção de gás natural marítimo em Moçambique, promovendo o país como exportador de gás natural liquefeito — um marco na cooperação energética entre os dois países.
O comércio sino-moçambicano é altamente complementar. A China exporta para Moçambique grandes volumes de equipamentos eletromecânicos, veículos e peças, instrumentos óticos e produtos metálicos, atendendo à demanda local. Ao mesmo tempo, importa minerais e produtos agrícolas moçambicanos, que suprem as necessidades do mercado chinês. Entre 1975 e 1991, o valor das exportações chinesas para Moçambique nunca ultrapassou os 5 milhões de dólares. Em 2003, o comércio bilateral chegou a 71 milhões de dólares e, em 2024, o valor total das trocas comerciais alcançou 5,193 bilhões de dólares — mais de 70 vezes o valor de 2003.
Moçambique participa ativamente tanto do Fórum de Cooperação China-África quanto do Fórum para a Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau). Ambos os países valorizam o papel positivo desses fóruns na promoção da cooperação econômica e comercial bilateral e se comprometem a aprofundar ainda mais essa cooperação mutuamente benéfica. A embaixadora de Moçambique na China, Maria Gustava, afirmou que a África e a China conseguem cooperar com base na harmonia e na segurança, aprendendo mutuamente e alcançando um desenvolvimento de alta qualidade. Moçambique participou de todas as reuniões ministeriais do Fórum de Macau e implementou de forma concreta os consensos do Plano de Ação para a Cooperação Econômica e Comercial, contribuindo, assim, para o desenvolvimento do fórum.
Atualmente, o mundo passa por transformações sem precedentes em um século, com conflitos geopolíticos imprevisíveis. A China propôs e vem implementando as “três grandes iniciativas globais” para enfrentar esses desafios. Os 50 anos de amizade e cooperação entre a China e Moçambique proporcionaram resultados frutíferos, com grande potencial para o aprofundamento mútuo, o que possui enorme importância estratégica. Encarando os próximos 50 anos, as perspetivas de cooperação são extremamente promissoras. Num novo ponto de partida histórico, os dois países, com destinos entrelaçados, confiança mútua e benefícios compartilhados, continuarão a construir, junto com os países do Sul Global, um novo mundo.
O autor foi Secretário-Geral do Fórum de Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau)