O ministro da Secretaria-geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, reafirmou nesta terça-feira na ONU, em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o compromisso do Brasil com um novo modelo de financiamento de desenvolvimento que promova a justiça social, reduza as desigualdades e fomente o crescimento sustentável.
A declaração foi feita durante a sessão plenária oficial da 4ª Conferência Internacional das Nações Unidas sobre Financiamento para o Desenvolvimento, que se realiza na cidade espanhola de Sevilha.
O ministro destacou que a Conferência de Sevilha inaugura um ciclo de grandes encontros globais em 2025 como a Cúpula do BRICS, a COP30, a Cúpula Social do G20 e a própria Cúpula do G20, presidida pelo Brasil. Para o ministro, esses eventos representam uma oportunidade histórica de promover um desenvolvimento mais justo, inclusivo e sustentável. Ele também realçou que o Brasil tem buscado protagonismo internacional na defesa de um novo modelo de financiamento.
"A situação atual do financiamento ao desenvolvimento é alarmante. A ajuda oficial ao desenvolvimento caiu 7,1% em 2024, enquanto os gastos militares cresceram 9,4%, alcançando US$ 2,7 trilhões. Que futuro é esse que estamos deixando para nossas novas gerações? Um futuro em que armas valem mais do que o combate à fome e à pobreza ou a proteção do meio ambiente?", questionou.
Macêdo também chamou a atenção para os efeitos negativos do peso da dívida externa sobre os países em desenvolvimento, ao afirmar que a dívida já ultrapassa US$ 1,4 trilhão, limitando o escopo de investimentos em políticas públicas e impedindo o progresso em setores sociais essenciais.
"O que vemos é um fluxo de capital inverso, saindo dos países pobres para os países ricos. Isso é inaceitável. Precisamos de uma arquitetura financeira internacional mais justa e com governança inclusiva", destacou.
Neste sentido, Macedo elencou quatro prioridades centrais do governo brasileiro -- reforma da arquitetura financeira internacional, com maior inclusão na governança global; enfrentamento à lacuna de financiamento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), com reestruturação justa das dívidas; respeito à soberania nacional, garantindo liberdade de escolha nos caminhos para o desenvolvimento sustentável; e, o combate à fome, à pobreza, ao racismo e ao sexismo, com atenção às dimensões étnicas e de gênero como parte fundamental da justiça social.
O ministro concluiu sua fala com um apelo à ação coletiva. "Trago uma mensagem de urgência e esperança, uma mensagem de fortalecimento do multilateralismo e um apelo a todos nós para que façamos deste ano um ponto de virada: passar do debate à ação concreta."