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Com mais de 10 mil torres, China completa circuito elétrico de alta tensão em seu maior deserto

Fonte: Xinhua    14.07.2025 14h21

A China concluiu no domingo um projeto de transmissão de eletricidade em alta tensão de 750 kV na Bacia de Tarim, na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, no oeste do país. Com mais de dez mil torres e 4.197 quilômetros de extensão, a rede forma um anel em torno do deserto de Taklamakan, o maior da China e o segundo maior deserto de areia móvel do mundo.

As obras, iniciadas há 15 anos, resultaram em uma rede que cobre uma área de 1,06 milhão de quilômetros quadrados - quase o dobro da França ou cerca de um oitavo do território brasileiro. A nova infraestrutura deve entrar em operação plena em novembro de 2025, segundo a State Grid Xinjiang Electric Power Co., Ltd, a construtora do projeto.

OBRA DESAFIA CONDIÇÕES EXTREMAS

As linhas de transmissão cruzam terrenos hostis, das dunas móveis do deserto às áreas de alta altitude da cordilheira de Kunlun. Cerca de 60% da Bacia de Tarim é coberta pelo deserto de Taklamakan, onde as dunas em constante movimento dificultaram as obras.

"As estradas recém-abertas eram logo cobertas pela areia e os veículos pesados atolavam com frequência", disse Li Jun, gerente da empresa responsável pelo projeto.

No auge da construção, mais de 3 mil trabalhadores atuaram simultaneamente, com participação acumulada de cerca de 15 mil pessoas ao longo do projeto.

Segundo Li, durante a obra foram abertas vias provisórias em meio a dunas de até 50 metros e ventos fortes para garantir o transporte dos materiais. Nos trechos montanhosos, "utilizamos teleféricos para levar quase 3 mil toneladas de componentes das torres", recordou.

Para reduzir o impacto ambiental, especialmente sobre plantas nativas como a populus euphratica, engenheiros ajustaram a altura das torres, alteraram rotas e instalarão mais de 480 mil metros quadrados de mantas de palha, técnica amplamente usada na China para estabilizar dunas.

NOVA INFRAESTRUTURA IMPULSIONA DESENVOLVIMENTO

Por séculos, tempestades de areia isolaram as regiões no sul de Xinjiang, limitando suas perspectivas de desenvolvimento.

"O anel de 750 kV chega como uma chuva bem-vinda para o sul de Xinjiang, onde as linhas de 220 kV já não conseguiam atender à crescente demanda", disse Dilshat, autoridade do distrito de Qiemo, no coração do deserto.

Dilshat acrescentou que o "anel expresso de eletricidade" permite a transmissão de eletricidade em larga escala por toda a região de Xinjiang e até além de suas fronteiras.

Tradicionalmente afetada pela pobreza e pela falta de infraestrutura, a região vem registrando avanços nos últimos anos. Segundo a State Grid Xinjiang Electric Power Co., Ltd., em 2024 o consumo de eletricidade no sul de Xinjiang atingiu 73,7 bilhões de kWh, quase sete vezes mais que em 2010. A previsão é que a carga de pico chegue a 14,45 milhões de kW em 2025, alta de 14,29% em relação ao ano anterior.

O novo anel elétrico permite a transmissão quase instantânea de eletricidade gerada por fontes eólica, solar, hídrica e térmica, garantindo fornecimento estável para residências e indústrias em regiões como Kashgar e Hotan.

ENERGIA LIMPA ATRAVESSA O DESERTO

Até o final de maio, a capacidade instalada de eletricidade renovável ao redor da Bacia de Tarim chegou a 36,69 milhões de kW, impulsionada pelos abundantes recursos solares e eólicos da região - essa base energética fortalece os planos da China de transferir o excedente de energia limpa das áreas desérticas do oeste para os centros industriais e urbanos do centro e leste do país.

Segundo Xin Chaoshan, diretor do centro de pesquisa em novos sistemas de eletricidade da State Grid Xinjiang, a diferença de fuso horário entre Xinjiang e o leste da China permite otimizar a geração.

Por volta das 16h, o sul de Xinjiang ainda recebe forte insolação e segue gerando energia solar em altas taxas, que pode ser encaminhada pelo novo "anel elétrico" para o canal nacional de transmissão de eletricidade oeste-leste, disse Xin.

Com essa capacidade, Xinjiang se consolida como um elo estratégico no projeto nacional de transmissão de eletricidade.

Ele explica que o novo sistema permite enviar a energia solar excedente para o leste, contribuindo para a estabilidade do fornecimento em todo o país.

A estimativa é que, com o desenvolvimento de 100 milhões de kW em energia solar no sul de Xinjiang, será possível reduzir em 25 milhões de kW a necessidade de termelétricas nas regiões central e oriental.

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