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Observatório Econômico: GWM se firma no Brasil e consolida estratégia econômica e industrial na América Latina

Fonte: Xinhua    20.08.2025 15h11

A montadora chinesa Great Wall Motors (GWM) inaugurou recentemente sua primeira fábrica no Brasil, localizada em Iracemápolis, São Paulo.

Durante o evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da finalização do primeiro Haval H6 GT produzido no país, colando o adesivo de "fabricado no Brasil" e marcando o início oficial das operações da montadora no mercado brasileiro.

A unidade foi instalada no antigo terreno da Mercedes-Benz, desativado em 2021. A GWM adquiriu o local no mesmo ano e, após três anos de modernização, transformou-o em uma planta inteligente e sustentável de 1,2 milhão de metros quadrados, que reúne todas as etapas da produção, incluindo soldagem, pintura e montagem final.

Inicialmente, a fábrica terá capacidade para produzir 30 mil veículos por ano, com expectativa de alcançar 50 mil até 2028. Entre os primeiros modelos estão o SUV híbrido Haval H6, a picape média Poer P30 e o SUV de sete lugares Haval H9.

A empresa também planeja produzir versões híbridas e híbridas a etanol, adequadas ao perfil energético brasileiro e destinadas não apenas ao mercado interno, mas também às exportações para países do Mercosul.

Além da produção de veículos, a inauguração terá impacto econômico relevante. Atualmente, a planta emprega 530 pessoas e o número de funcionários deve atingir 1.000 até o fim de 2025. Segundo o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, no início de 2026 o número de postos diretos chegará a 1.300, com potencial de gerar até 10 mil empregos indiretos.

A GWM já firmou acordos de confidencialidade com 105 fornecedores locais e pretende elevar a participação de componentes nacionais para 35% dentro de um ano, fortalecendo a indústria de autopeças brasileira e ampliando oportunidades de exportação regional.

Desde sua fundação em 1990, a GWM expandiu-se para mais de 170 países e já atendeu 15 milhões de clientes em todo o mundo. Sua linha de produção inclui SUVs, sedãs, picapes, motocicletas e caminhões pesados, enquanto a empresa investe simultaneamente em motores a combustão, híbridos plug-in, elétricos e movidos a hidrogênio. Em 2024, as vendas no exterior atingiram 450 mil veículos, representando um crescimento anual de 45%.

A inauguração no Brasil consolida a estratégia global da montadora, que já possui fábricas completas na Rússia e na Tailândia. Com a nova unidade, o país se torna o centro de operações da GWM na América Latina, reduzindo prazos de entrega, ampliando serviços locais e atendendo de forma mais competitiva mercados como México, Argentina e Chile.

O conceito estratégico da GWM -produção local, gestão adaptada ao mercado, marca intercultural e segurança da cadeia de suprimentos- está sendo implementado gradualmente na planta brasileira. Essa abordagem fortalece a operação local e cria um modelo replicável para outros mercados internacionais.

A combinação da tecnologia chinesa de veículos híbridos com o uso abundante de etanol no Brasil gera soluções de energia limpa adaptadas ao mercado latino-americano e serve como referência global para montadoras chinesas aplicarem estratégias locais de forma eficiente.

Segundo o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, a cooperação automotiva tornou-se um destaque nas relações econômicas bilaterais, expandindo-se para setores emergentes como economia digital, economia verde e inteligência artificial. A presença da GWM fortalece essa tendência, promovendo maior integração das cadeias produtivas entre os dois países.

Com a expansão gradual da produção e o fortalecimento da operação local, a GWM tende se tornar ainda mais competitiva no mercado brasileiro e latino-americano, representando para as montadoras chinesas um avanço estratégico da simples exportação de produtos à integração na cadeia de valor global.

Mais do que a trajetória de uma empresa, a experiência da GWM no Brasil simboliza o aprofundamento da cooperação econômica sino-brasileira e o fortalecimento da presença do Sul Global na economia mundial.

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