Uma polêmica recente atraiu a atenção do público para pratos pré-fabricados na China, gerando apelos por maior padronização e transparência no setor. No centro da discussão estão as preocupações com a segurança alimentar e o direito dos consumidores de serem totalmente informados.
O debate começou quando o famoso empreendedor Luo Yonghao, conhecido por suas opiniões francas e influência em transmissões ao vivo, recorreu à rede social Sina Weibo na quarta-feira (10) para criticar a popular rede de restaurantes Xibei.
Luo escreveu que, após uma refeição recente com colegas, descobriu que a maioria dos pratos era pré-fabricada e cara, chamando a experiência de "repugnante" e instando o governo a exigir que os restaurantes indiquem claramente sempre que pratos pré-fabricados forem usados. A publicação viralizou rapidamente, gerando milhões de comentários e gerando discussões no setor.
O fundador do Xibei, Jia Guolong, respondeu enfatizando que a rede utiliza técnicas de pré-preparo, mas não serve refeições pré-fabricadas. "Nenhum prato nas lojas Xibei é pré-fabricado", disse Jia.
A rede abriu suas cozinhas à imprensa para uma visão em primeira mão das operações, mas a distinção entre pratos pré-fabricados e processos de pré-preparo permaneceu obscura, alimentando ainda mais o debate. Jia descreveu a controvérsia como "a maior crise externa" da história da Xibei, observando uma queda acentuada na receita diária em quase 400 lojas ao longo de vários dias.
Apesar da ampla adoção em grandes redes de restaurantes, os pratos pré-fabricados permanecem controversos por vários motivos: pequenos produtores podem não atender aos padrões de segurança alimentar; consumidores não têm clareza sobre o que constitui um prato pré-fabricado; e alguns estabelecimentos enganam os clientes cobrando por pratos "feitos na hora" que, na verdade, são produtos pré-fabricados reaquecidos.
Avisos regulatórios incentivam os restaurantes a indicar claramente o uso de pratos pré-fabricados para garantir o direito do consumidor à informação e à escolha.
De acordo com um aviso de 2024 emitido pela Administração Estatal de Regulamentação de Mercado e outras autoridades, pratos pré-preparados são produtos alimentícios pré-embalados feitos de um ou mais ingredientes agrícolas comestíveis, com ou sem temperos e sem adição de conservantes. Eles passam por pré-processamento industrial — como misturar, marinar, moldar, fritar, assar, ferver ou cozinhar no vapor — e podem incluir sachês de tempero. Esses produtos destinam-se ao consumo após aquecimento ou cozimento e devem ser produzidos, armazenados, transportados e vendidos de acordo com as condições especificadas em seus rótulos.
Vegetais frescos ou ingredientes que passaram apenas por processamento simples, incluindo lavagem, descascamento ou corte, bem como alimentos prontos para consumo — como saladas, refeições prontas, pães cozidos no vapor, doces, hambúrgueres, sanduíches, pizzas e pratos preparados em cozinha central entregues a redes de lojas — não são considerados pratos pré-preparados. O aquecimento refere-se ao simples reaquecimento antes do consumo, enquanto o cozimento indica o preparo completo de ingredientes parcialmente processados.
O aviso delineou medidas para fortalecer a supervisão da segurança alimentar. Isso inclui a aplicação da responsabilidade do produtor, a verificação das matérias-primas, a regulamentação dos aditivos alimentares, a revisão do licenciamento da produção, o aprimoramento das inspeções e a promoção de rotulagem clara em restaurantes.
Anteriormente, autoridades da Administração Estatal de Regulamentação do Mercado afirmaram que pratos pré-preparados não precisam de conservantes, pois o armazenamento refrigerado, o congelamento e a esterilização garantem a segurança, ao mesmo tempo em que atendem às expectativas do consumidor e aos requisitos de controle de risco.
Embora os ingredientes frescos retenham os nutrientes de forma mais completa e estejam geralmente mais alinhados às necessidades do corpo, isso não significa que os pratos pré-preparados devam ser totalmente descartados, disse Tan Guijun, diretor do Departamento de Nutrição do Primeiro Hospital Central de Tianjin, segundo reportou a Agência de Notícias Xinhua.
Desde que os processos de produção, transporte, armazenamento e cozimento estejam em conformidade com os padrões relevantes de segurança alimentar, os pratos pré-preparados podem atender adequadamente às necessidades calóricas e nutricionais do corpo, explicou Tan.
De acordo com reportagens anteriores da mídia, consumidores e especialistas do setor disseram que a controvérsia reflete preocupações mais amplas e ressalta a necessidade de equilibrar a eficiência da indústria com a proteção do consumidor, com transparência, regulamentação e inovação moldando o futuro do setor.