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Brasil apresentará soluções financeiras na COP30 para conter o desmatamento e atrair investimentos sustentáveis

Fonte: Xinhua    27.10.2025 08h40

O Brasil apresentará uma série de instrumentos financeiros inovadores na COP30, com o objetivo de impulsionar o investimento privado em projetos de baixo carbono, fortalecer a economia verde e combater o desmatamento, anunciou na última quinta-feira o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan.

Durante sua participação no 28º Congresso Internacional de Direito Constitucional, promovido pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em Brasília, Durigan afirmou que o país pretende liderar a conferência do clima, que será realizada em novembro em Belém, com propostas que conectam a reindustrialização à proteção ambiental e a resultados concretos e democraticamente avaliados.

"A resposta aos problemas climáticos pode ser o motor de um novo desenvolvimento para o Brasil. Precisamos aprender com as lições do passado, garantir a estabilidade no presente e inovar para o futuro", destacou o secretário-executivo. Ele acrescentou que o trabalho do Tesouro brasileiro busca projetar um país preparado para o desenvolvimento sustentável "como um esforço aberto e democrático".

Durigan enfatizou que, diferentemente de países do Norte Global, onde a transição energética está no centro do debate climático, no Brasil o principal desafio é reduzir o desmatamento, a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa do país. "Nosso desafio, assim como o do Brasil, é o desmatamento. Reduzi-lo é a maneira mais direta de contribuir para o equilíbrio climático sem comprometer a competitividade industrial", explicou.

Entre os mecanismos que o governo brasileiro apresentará na COP30, Durigan citou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, criado durante a COP28, em Dubai. O fundo busca atrair investimentos internacionais com retorno financeiro e destinar os recursos a países com florestas tropicais para financiar esforços de preservação e fortalecer economias florestais.

"Não estamos pedindo doações, estamos pedindo investimentos", enfatizou o secretário. "Invista, e nós devolveremos o capital. Parte do retorno será destinada a países com florestas tropicais, como Brasil, Peru, Colômbia, República Democrática do Congo e Indonésia, que protegem a biodiversidade e as comunidades tradicionais", acrescentou. No início, o Brasil já aportou US$ 1 bilhão ao fundo soberano que lidera a iniciativa.

Outra ferramenta inovadora é o EcoInvest, estruturado pelo Tesouro Nacional, que oferece proteção cambial para investimentos produtivos e sustentáveis no país. O mecanismo busca atrair capital estrangeiro de longo prazo, reduzindo a volatilidade cambial, uma queixa recorrente de empresas internacionais, priorizando projetos de reindustrialização verde, recuperação de biomas, infraestrutura resiliente e desenvolvimento tecnológico voltado para a transição ecológica.

"Esses são apenas dois exemplos", disse Durigan, "mas há também a taxonomia verde, o mercado de carbono e outras iniciativas que representam o legado que queremos deixar em termos de desenvolvimento: uma economia forte, democrática e ambientalmente sustentável."

O secretário executivo enfatizou que uma política fiscal estável é essencial para viabilizar esse futuro verde. "Após uma década muito complexa até 2023, marcada pela instabilidade política e econômica, nosso papel agora é estabilizar as expectativas fiscais", afirmou. Segundo Durigan, o país atingiu a meta de déficit zero em 2024 e espera atingir seu primeiro superávit fiscal em mais de 12 anos em 2025.

Ele também destacou que o Brasil vive "a menor inflação em um mandato presidencial desde o retorno de Lula" e que o controle de preços é fundamental para consolidar a confiança econômica. "Responsabilidade fiscal, estabilidade de preços e gestão prudente do setor externo criam o ambiente adequado para atrair capital de longo prazo, sustentar a reindustrialização e financiar a transformação verde", afirmou.

Durigan também observou que a diversificação comercial e a abertura de cerca de 400 novos mercados reduziram a dependência do país das exportações para os Estados Unidos, que caiu de 20% em 2002 para quase 10% hoje. "O presente se constrói fortalecendo os alicerces da nossa economia; o futuro, com inovação e responsabilidade", concluiu.

A COP30, que será realizada em Belém, no norte da Amazônia, será a primeira grande conferência do clima organizada pelo Brasil e reunirá líderes de quase 200 países com o desafio de transformar a cooperação internacional em ações concretas contra a crise climática.

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