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Sócia da KPMG incentiva setor privado do Sul Global a liderar a transição climática na COP30 no Brasil

Fonte: Diário do Povo Online    18.11.2025 14h14

O setor privado do Sul Global deve assumir um papel mais ativo na transição climática e aproveitar sua participação na 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontece na cidade de Belém, no norte do Brasil, afirmou Nelmara Arbex, sócia da consultoria KPMG no Brasil.

Segundo a especialista, as empresas já entendem que "a estabilidade climática é fundamental para o sucesso dos negócios" e que não podem esperar que a regulamentação dite o ritmo da transformação.

Mesmo em meio a impasses diplomáticos e sinais contraditórios sobre financiamento climático, o setor privado tem mantido sua própria agenda, afirmou Arbex, que lidera a rede KPMG Impact na América do Sul.

"As empresas demonstraram que estão abordando essa questão de forma pragmática e mantendo seus planos", observou ele, referindo-se ao comportamento observado durante a Semana do Clima em Nova York, realizada de 21 a 28 de setembro.

Ela reconheceu que a ausência dos Estados Unidos em compromissos de financiamento mais amplos representa um desafio, mas enfatizou que outros atores estão dispostos a apoiar a agenda climática.

"Esta COP30 está sendo realizada num momento crucial, pois este é o ano em que deveríamos começar a ver uma redução significativa nas emissões de gases de efeito estufa. Apesar da tendência de estabilização e declínio, ainda não atingimos o nível necessário", avaliou.

Nesse contexto, Arbex afirmou que os Estados Unidos são um dos principais emissores de gases de efeito estufa.

“No entanto, não é apenas o governo dos EUA que dita como as empresas devem descarbonizar seus processos ou inovar em relação à dependência energética. O financiamento da transição climática perde força sem os recursos do governo dos EUA, mas existem outros atores muito interessados em investir nessa agenda e liderar essa transição, como a China, por exemplo. A China tem os recursos necessários para isso”, disse ela.

A especialista em práticas ambientais afirmou que a COP30 abre uma "oportunidade histórica" para o setor privado do Sul Global demonstrar verdadeira liderança.

"Só haverá estabilidade climática se reduzirmos drasticamente as emissões. Investir em energias renováveis é importante, mas o essencial é reduzir as emissões", disse ela.

Ela explicou que atrair investimentos em eficiência energética, inovação operacional e novos modelos de produção exige que as empresas apresentem projetos sólidos e estabeleçam alianças estratégicas.

"Parcerias entre empresas, tanto do mesmo setor quanto de setores diferentes, podem acelerar significativamente essa transição e gerar mais valor", disse ela.

Arbex enfatizou que o Sul Global tem capacidades únicas para impulsionar um novo modelo de financiamento climático.

A especialista indicou que os países em desenvolvimento encontram-se em diferentes estágios de transição energética e possuem tecnologias que, se compartilhadas, "podem mudar o foco das discussões climáticas e dos modelos de desenvolvimento".

Ela observou que a América Latina produz quase 70% de sua eletricidade a partir de fontes renováveis, que a região domina as tecnologias de biocombustíveis e que o Hemisfério Sul possui "milhões de hectares com potencial para restauração florestal", que são fundamentais para o desenvolvimento sustentável.

Segundo Arbex, qualquer novo modelo de financiamento climático deve combinar redução de emissões e redução da pobreza, e para isso, a inovação socioeconômica será crucial.

Olhando para a COP30, a primeira conferência climática realizada na Amazônia, Arbex afirmou que o setor privado brasileiro terá uma oportunidade única de enviar uma mensagem global.

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