Estudantes exibem uma fita vermelha durante um evento de conscientização sobre a AIDS na Universidade do Sul da China, em Hengyang, província de Hunan, no centro da China, em 29 de novembro de 2023. O Dia Mundial da AIDS é comemorado em 1º de dezembro. (Foto: Cao Zhengping/Xinhua)
Quando dois irmãos, separados por muito tempo e pelas circunstâncias, finalmente se reencontraram, descobriram um segredo de família que havia sido enterrado por anos: sua mãe havia morrido de AIDS e o mais velho dos dois irmãos havia nascido com o vírus, mas o mais novo, nascido após a introdução de medidas preventivas, cresceu saudável.
O irmão mais velho, a quem deram apenas três anos de vida, desafiou as expectativas e agora vive uma vida que muitos acreditavam ser impossível para alguém com HIV, tendo inclusive ingressado na universidade. Ele recebe apoio do Projeto de Educação para a Prevenção da AIDS para Jovens Chineses (APEPCY, na sigla em inglês), uma organização sem fins lucrativos fundada em 2006, por meio da qual voluntários lhe entregam medicamentos gratuitos regularmente.
A história pessoal dos irmãos é o cerne de "Love Youth", um filme que rompe décadas de silêncio e leva a educação sobre HIV e a conscientização sobre saúde sexual voltadas para jovens às telas de cinema, com o objetivo de mudar a percepção pública e promover uma melhor compreensão da doença.
A China registrou seu primeiro caso de AIDS em 1985. Em dezembro de 2025, cerca de 1,4 milhão de pessoas viviam com HIV na China, com os jovens representando uma proporção crescente dos casos.
Com estreia nacional pouco antes do Dia Mundial da AIDS deste ano, na segunda-feira (1º), o filme mostra como a China tem apoiado jovens que vivem com HIV por meio de programas nacionais de assistência social, como o APEPCY.
O tema do Dia Mundial da AIDS deste ano na China clama por esforços sociais unificados para a prevenção do HIV, incentivando a inovação em medidas preventivas e a conscientização pública.
O próprio filme representa um esforço pioneiro na campanha de conscientização sobre a AIDS na China, com todo o elenco e equipe trabalhando voluntariamente, sem receber remuneração.
Entre os muitos projetos apoiados pela APEPCY está a Escola Fita Vermelha de Linfen, na província de Shanxi, no norte da China — a única instituição no país dedicada a crianças que vivem com HIV.
O filme se inspira em uma história real que aconteceu na escola.
Refletindo sobre uma época em que a AIDS pairava como um espectro aterrador e era pouco mencionada, Wang Xia, diretora da escola, disse que "a simples menção da palavra 'AIDS' fazia as pessoas recuarem".
"Mas hoje, com os avanços médicos e uma sociedade mais compreensiva e tolerante, a China deu um salto notável", observou Wang.
A prevalência geral da AIDS é mantida em níveis baixos na China, com a transmissão por transfusão de sangue amplamente controlada e a transmissão de mãe para filho e por injeção de drogas efetivamente controlada, de acordo com a Administração Nacional de Controle e Prevenção de Doenças.
Ao longo das últimas duas décadas, a escola cuidou de 127 crianças soropositivas de 14 províncias de todo o país.
Hoje, 65 de seus ex-alunos estão empregados e alguns até formaram suas próprias famílias. Graças aos avanços na prevenção da transmissão vertical (de mãe para filho), as jovens mães tiveram filhos saudáveis, encerrando o ciclo intergeracional do HIV.
Guo Xiaoping, o fundador da escola, chamou seu sucesso de "milagre".
"Ao longo de todos esses anos, nenhuma criança morreu", disse ele. "Agora, a única diferença entre essas crianças e as outras é que elas tomam um comprimido a mais por dia."
Guo, agora com 62 anos, aposentou-se como diretor da escola em 2023, mas continua a servir como guardião de cada criança sob seus cuidados.
"Sonho com o dia em que esta escola não precisará mais existir", disse Guo. "Quando todas as crianças com HIV puderem frequentar uma escola regular e a próxima geração nascer livre do vírus, saberei que fiz tudo o que estava ao meu alcance e finalmente poderei me aposentar em paz."
As palavras finais do filme ecoam o lema de Guo: "Para proteger nossos próprios filhos, devemos também proteger todas as crianças."
Em 2004, a China iniciou políticas de apoio para pessoas vivendo com HIV/AIDS, bem como para suas famílias, incluindo o fornecimento de medicamentos e assistência social. Órfãos de pacientes falecidos por AIDS também recebem educação gratuita sob essas políticas.
De acordo com a Administração Nacional de Controle e Prevenção de Doenças, mais de 95% das pessoas diagnosticadas com HIV na China estão atualmente recebendo terapia antirretroviral e mais de 95% daquelas em tratamento atingiram a supressão da carga viral.
Han Mengjie, especialista-chefe em prevenção da AIDS no Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, observou que, sem uma vacina eficaz e disponível contra o HIV, a educação continua sendo a "vacina social" na luta contra o vírus.
Zhang Yinjun, a principal planejadora de produção do filme, explicou que o verdadeiro desafio na educação sobre HIV para jovens hoje não é o fato de o tema ser ignorado, mas sim o profundo silêncio estrutural que o cerca.
"Saúde sexual e prevenção do HIV têm sido negligenciadas por muito tempo em famílias, escolas e na sociedade, e as pessoas tendem a não falar sobre esses assuntos diretamente", disse Zhang.
Ela observou que essa omissão dificulta o compartilhamento eficaz de conhecimento vital, tornando os jovens menos propensos a desenvolver plenamente a compreensão e os hábitos necessários para se protegerem.
"Acabar com a AIDS não se resume a medicamentos e testes; trata-se de criar uma cultura de compreensão, aceitação e amor", acrescentou Zhang.