Por Han Lei, Diário do Povo
Canudos de bambu. (Foto: Anhui Daily)
Em Chizhou, na província de Anhui, no leste da China, o bambu está emergindo como uma alternativa sustentável no cotidiano. Produtos tradicionalmente feitos de plástico, como canudos, palitos de sorvete, hashis descartáveis e talheres, estão sendo cada vez mais substituídos por alternativas à base de bambu.
Em uma fábrica na Zona de Desenvolvimento Industrial de Alta Tecnologia de Chizhou, linhas de produção automatizadas produzem cinco milhões de canudos de bambu por dia. A cada ano, dois bilhões de canudos de bambu são exportados para mais de 40 países e regiões, substituindo aproximadamente 6.000 toneladas de plástico e reduzindo as emissões de carbono em 36.000 toneladas.
"Os canudos de bambu não amolecem na água nem quebram facilmente, e são totalmente renováveis e biodegradáveis", disse Yin Mingliang, gerente geral da empresa. No entanto, ele observou que produzir até mesmo um item simples como um canudo apresenta desafios técnicos significativos, incluindo problemas com resistência a mofo, tolerância ao calor e altos custos de produção.
As tentativas iniciais de resolver esses problemas por meio de parcerias com três equipes de pesquisa de doutorado não tiveram sucesso. Um avanço ocorreu em 2017, quando uma quarta equipe, após três anos de desenvolvimento, aprimorou a eficiência das máquinas para produzir 2.000 canudos por hora e reduziu o custo unitário para 0,04 yuan (US$ 0,0056), aproximadamente equivalente ao dos canudos de plástico.
A empresa também desenvolveu um sistema integrado de pirólise que converte resíduos de bambu em produtos de alto valor agregado, como carvão ativado e materiais de ânodo de carbono duro para baterias de íon-sódio. O processo captura e reutiliza o vapor, aumentando a eficiência energética.
Chizhou, lar de mais de 600.000 mu (40.000 hectares) de floresta de bambu, historicamente subutilizou esse recurso natural. Recentemente, a cidade lançou um plano de ação de três anos para promover o bambu como substituto do plástico, estender a cadeia de valor industrial e aumentar a renda dos agricultores locais.
"Quem diria que o bambu, antes negligenciado, agora poderia alcançar um bom preço?", disse Shu Rengui, um aldeão de Languan, condado de Shitai, Chizhou, enquanto colhia bambu na névoa da manhã. Shu fornece bambu para uma unidade de processamento próxima e ganha cerca de 40.000 yuans anualmente com o negócio.
Em uma base de processamento de bambu no distrito de Guichi, em Chizhou, foram construídas duas fábricas de processamento, capazes de lidar com 35.000 toneladas de bambu anualmente. De acordo com Zhang Yu, gerente do local, mais de 40 aldeões são empregados na base, contribuindo para o crescimento da renda local.
Chizhou desenvolveu um modelo industrial integrado que conecta empresas líderes, parques industriais circulares, fábricas de divisão de bambu e cooperativas de aldeias, estabelecendo uma cadeia de produção completa que abrange o processamento primário, avançado e profundo.
De acordo com um funcionário do departamento florestal local, Chizhou agora possui 89 empresas de pro
Bosque de bambu em Chizhou, província de Anhui, no leste da China. (Foto de arquivo)
cessamento de bambu com uma capacidade anual de 900.000 toneladas". Em 2024, a indústria de bambu da cidade atingiu um valor de produção de aproximadamente 3 bilhões de yuans, um aumento de 26% em relação ao ano anterior, e proporcionou emprego para quase 40.000 famílias rurais, elevando a renda média familiar em mais de 20.000 yuans.
A cidade está também expandindo sua presença global. Por meio de plataformas como a Feira de Cantão ou a Feira de Importação e Exportação da China, produtos de bambu de Chizhou, incluindo espetos, pauzinhos e canudos, entraram em mercados na UE, Índia, Japão, Coreia do Sul e outros países e regiões.
Em dezembro de 2023, uma empresa sediada em Chizhou foi convidada a participar em um evento paralelo organizado pela Organização Internacional de Bambu e Rattan, durante a 28ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, ou COP28, compartilhando a experiência da China na substituição de plásticos.
O desenvolvimento da indústria de bambu em Chizhou está acelerando. Na primeira conferência de desenvolvimento da indústria de bambu de alta qualidade da província de Anhui, em 2024, a Zona de Desenvolvimento Industrial de Alta Tecnologia de Chizhou assinou um acordo-quadro com a CRRC, principal fabricante de trens da China, para estabelecer uma sede nacional para um parque industrial circular de bambu em Chizhou. Há também planos em andamento para desenvolver mais de 50 parques desse tipo em regiões ricas em bambu em todo o país.
