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Obama e Xi têm de fazer mais do que “concordar em discordar”, diz Jimmy Carter

Fonte: Diário do Povo Online    23.09.2015 13h11

O ex-presidente norte-americano Jimmy Carter escreveu um artigo sobre seu laço pessoal com a China e comentários sobre a visita do presidente Xi pelos EUA

Fiquei fascinado pela China desde a minha primeira visita a Qingdao em 1949, muito pouco antes da República Popular da China ter sido fundada, a 1 de outubro, no meu 25º aniverário.

Eu era governador da Georgia quando o presidente Nixon fez a sua visita histórica à China em 1972, e fiquei algo desapontado com a falta de iniciativas para estabelecer relações diplomáticas entre os dois países. Eu viria a tornar isso numa prioridade quando me tornei presidente, tendo iniciado as negociações com os líderes chineses. Esses esforços, provaram ser profícuos quando o vice primeiro-ministro Deng Xiaoping e eu anunciamos a 15 de dezembro de 1978, que o reconhecimento mútuo completo teria lugar no início do ano seguinte. Ele anunciara três dias depois que reformas dramáticas teriam lugar no seu país, e que este seria gradualmente aberto ao exterior. Poucas pessoas teriam antecipado que estas duas decisões iriam afetar tão drasticamente a comunidade global.

Desde que me retirei, tenho feito várias visitas à China, e tenho sido bem recebido pelos seus líderes políticos de topo, pelo setor privado, e por cidadãos comuns em várias comunidades. O Centro Carter tem sido requisitado pelo governo para realizar funções importantes, como a implementação e avaliação de eleições democráticas em 600,000 aldeias chinesas (que contabilizam uma população de dois terços do total do país). Agora trabalhamos para reduzir os preconceitos existentes em ambas as nações uma para com a outra, através de fóruns para melhorar o relacionamento dos países e de encontrar meios que permitam aos EUA e à China manter a paz e apoiar o desenvolvimento de outras nações, especialmente em África.

Durante os meus quatro encontros com o presidente Xi Jinping em anos recentes, ele frisou, tal como Deng Xiaoping o fizera, a necessidade dos nossos líderes políticos de se respeitarem mutuamente e de cooperarem sempre que possível, apesar das diferenças na nossa história, cultura e sistemas políticos. Tem sido desde há muito recorrente a existência de potenciais líderes políticos que, para seu próprio benefício, culpam o outro país por problemas domésticos e tentam exacerbar as diferenças inerentes entre as duas nações.

Tal como os EUA, a China enfrenta sérios problemas domésticos. O país está a debater-se para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos que vivem longe da costa este, assim como para fazer a transição de uma economia explosiva baseada nas exportações para uma que tem de acomodar uma dependência crescente nos consumidores domésticos. Ao contrário do passado, o seu impacto político e económico é sentido em quase todos os cantos do mundo.

A China tem mantido um clima de paz com os seus países vizinhos e com o mundo durante os últimos 35 anos, mas a expansão da sua influência tem trazido algumas inseguranças, especialmente nos mares do sul e de este.

Apesar de vários dos meus sucessores, como presidente, terem feito comentários negativos relativamente às relações com a China durante as suas campanhas, quase todos eles foram moderados após atingirem a presidência. Tenho a certeza que a mesma situação existiu na China.

A primeira visita oficial do presidente Xi Jinping aos EUA vai oferecer-lhe, assim como ao presidente Obama, uma chance para explorar a forma como as duas grandes nações podem lidar uma com a outra de forma pacífica, de igual para igual, e com mútuo respeito.

Os chineses devem perceber que a América gostaria de ver uma China pacífica, próspera e livre e que não queremos debilitar o seu crescimento. De igual modo, os americanos precisam de perceber que a China difere da União Soviética que enfrentamos na Guerra Fria. A China deve ser encorajada a defender e a participar na ordem internacional, governada por leis e princípios internacionais.

Embora os desafios correntes que ameaçam o descarrilamento das relações entre os EUA e a China sejam possantes, tenho a certeza que Deng Xiaoping concordaria comigo no facto de que nenhum deles é tão ameaçador como todos aqueles que fomos superando juntos.

Encontrar caminhos para a paz e desenvolvimento sustentado a nível doméstico e exterior são o núcleo das missões do presidente Obama e Xi. Com vários conflitos no mundo e com uma economia global ainda frágil, é a altura de ambas as nações defenderem uma ordem global que almeje a paz e o desenvolvimento.

Os dois presidentes têm de aproveitar esta ocasião para fazer mais do que “concordar em discordar” com vários assuntos. Eles podem forjar um consenso que vise edificar a confiança através da colaboração China – EUA e que resolva os desafios globais comuns aos dois países. O nosso compromisso para responder aos problemas ambientais representa um exemplo que poucos países no mundo terão coragem para não seguir.

(Editor:鲁扬,editor)