Por Diário do Povo
Desde a antiguidade, a região apelidada “terra dos cinco mares e dos três continentes” do Oriente Médio, tornou-se num importante polo dinamizador e promotor de comunicação entre o ocidente e o oriente. Os primórdios da civilização humana são originários precisamente daqui – a cidade mais antiga foi aqui edificada, os cânones da lei foram aqui redigidos… Os povos árabe e persa detinham por isso, não só o poder de impulsionar e definir sistema de comércio internacional, mas também de fomentar a fusão da ciência e da cultura. A prosperidade do Médio Oriente e o seu desenvolvimento beneficiaram do grande intercâmbio que estabeleciam com as mais distintas realidades a que estavam expostos.
O motivo pelo qual os povos da antiguidade conseguiam enfrentar as várias adversidades adjacentes ao nomadismo, as intempéries à espreita ao longo da consagrada Rota da Seda, deve-se essencialmente ao fascínio proveniente do comércio livre e das vantagens por este proporcionadas.
A lógica implícita da “mão invisível” apresentada pelo economista inglês Adam Smith adapta-se ainda aos nossos dias. Ao percorrer as ruas de cidades como Yiwu, Guangzhou, entre outras, é facilmente percetível a presença de comerciantes do Oriente Médio. Do mesmo modo, vendedores chineses também marcam a sua presença nos mercados de cidades como Riad, Cairo e Teerão. É precisamente esta pluralidade aparentemente inócua de elementos presente nestes pequenos mercados que está na base da materialização do projeto “Um Cinturão e Uma Rota”.
Na era em que vivemos, o Oriente Médio tornou-se num cruzamento geográfico no cenário mundial. Não só é uma “fundição de civilizações” como é também o “coração do conflito”. No último século, especialmente após se ter descoberto o petróleo na região, as pretensões das potências mundiais passaram progressivamente a centrarem-se no Oriente Médio. Contudo, esta atenção é veiculada, ou com um sentimento de superioridade cultural, ou eufemisticamente sob o termo geralmente utilizado de “estratégia”. Esta interferência contribui para o clima de constante instabilidade e conflito, criando incessantemente obstáculos no caminho do desenvolvimento dos países da região. No seguimento desta lógica, as aspirações destes povos face à paz, à estabilidade e ao desenvolvimento, são cada vez mais audíveis.
Como única potência do mundo a alimentar uma relação amistosa com todos os países do Oriente Médio, a China não apenas respeita profundamente a soberania e integridade territorial destas nações, como a sua história, o seu legado e as aspirações dos seus povos pelo desenvolvimento. Este é exatamente o motivo nuclear pelo qual os países do Oriente Médio regem a sua relação de amizade com a China.
Na atualidade, a Arábia Saudita, o Egito e o Irã, todos sem exceção, incluem a China no top 3 de países parceiros comerciais. Todos determinaram também a iniciativa “Um Cinturão e Uma Rota” como uma oportunidade de construírem, em conjunto, uma estratégia de desenvolvimento que se reflita de modo positivo e que atue diretamente na multiplicidade de necessidades de cada país interveniente.
Se são hoje irrefutáveis os méritos da Rota da Seda como primeira grande instituição da humanidade a fundir culturas e civilizações distintas, deverá ser igualmente possível concluir que a responsabilidade de manter vivo o seu legado não compete apenas à China e às nações do Oriente Médio, mas também à comunidade internacional.
Edição: Mauro Marques