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Vírus Zika espalha medo entre as mulheres brasileiras (10)

Fonte: Diário do Povo Online    01.02.2016 09h38
Vírus Zika espalha medo entre as mulheres brasileiras
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BRASÍLIA, 01 de fev. (Diário do Povo Online) - Para dezenas de mulheres no epicentro do surto do vírus Zika, no Brasil, a alegria da gravidez deu lugar ao medo.

Na cidade costeira do Recife, o pânico atingiu as maternidades desde que o Zika - um vírus transmitido pelo Aedes aegypti e detectado pela primeira vez no continente americano no ano passado – mostrou estar ligado com a onda de microcefalia nos bebês recém nascidos. Não existe vacina ou cura para a doença, que ainda é pouco conhecida.

Em cerca de 90% dos casos, o Zika não causa sintomas perceptíveis de modo que as mulheres não sabem que elas contraíram o vírus durante a gravidez. Kits de teste para o vírus só são eficazes na primeira semana de infecção e estão disponível apenas em clínicas privadas a um custo de 900 reais, mais do que o salário mínimo mensal do trabalhador brasileiro.

No Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Figueira, em Recife, dezenas de gestantes esperam por exames de ultrassonografia que irão indicar se a criança que estão esperando tem deformidades na cabeça e no cérebro, a chamada microcefalia. 160 bebês nascidos no hospital desde agosto estavam com a doença.

"É assustador. Estou preocupado se a minha filha tenha microcefalia", diz Elisangela Barros, 40, enquanto chora ao dar a entrevista. "Eu moro num bairro pobre, cheio de mosquitos, lixo e onde não tem água encanada. Cinco das minhas vizinhas têm Zika."

As mulheres como Elisangela, que vivem nas favelas das caóticas cidades brasileiras, têm pouca defesa contra o mosquito que transmite o vírus Zika e outras doenças, como a dengue e a febre amarela. Muitas vezes elas não podem pagar pelo repelente e têm pouco acesso à assistência pública.

Imagens chocantes de bebês com defeitos congênitos têm feito muitas mulheres pensarem duas vezes antes de ficarem grávidas.

Médicos temem que o surto leve ao aumento de abortos clandestinos no país, cuja população é de maioria católica. Segundo a legislação brasileira, o aborto é ilegal, exceto em casos de estupro e quando a vida da mãe está em risco.

A rápida disseminação do vírus Zika em 22 países no continente americano levou alguns governos a aconselharem as mulheres a adiar os planos de terem filhos. El Salvador recomendou que as mulheres não engravidem por dois anos.

O vírus também gerou um debate em torno da liberalização do aborto nos países da região. Muitos deles têm leis rigorosas em relação a interrupção da gestação.

"O medo é crescente entre as mulheres porque esta é uma doença nova que sabemos pouco a respeito. Nós não temos muitas respostas", disse Adriana Scavuzzi, ginecologista no hospital IMIP.

Edição: Rafael Lima


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