O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, manifestou-se contra a possível implantação de um sistema de defesa avançada de mísseis americanos em solo sul-coreano, enfatizando que tal actividade poderia comprometer a estabilidade regional.
Ao se encontrar com o secretário de Estado norte-americano John Kerry, à margem da Conferência de Segurança de Munique, Wang tornou clara a oposição chinesa face à implantação do sistema de defesa de mísseis THAAD na República da Coreia.
Os EUA e a República da Coreia iniciaram negociações no sentido de avançar com este projeto. O pentágono fez o anúncio horas depois da RPDC ter levado a cabo no domingo um suposto lançamento de um satélite. Muitos países acreditam, porém, ter-se tratado de um teste com mísseis.
De acordo com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, a RPDC está banida de fazer quaisquer testes com armas balísticas.
Como um dos sistemas de defesa mais avançados do mundo, o THAAD tem a capacidade de interceptar e destruir mísseis balísticos durante o seu trajeto na atmosfera.
Apesar de Washington e Seul afirmarem que o sistema de defesa seria focado essencialmente na defesa contra a RPDC, acredita-se que tal iniciativa poderia representar uma ameaça para os países vizinhos.
“A implementação do sistema THAAD pelos EUA vai para lá das necessidades de defesa da península coreana, sendo que o seu alcance de influência abrangeria em profundidade o continente asiático”, disse Wang.
“…afeta directamente os interesses estratégicos de segurança da China e de outros países asiáticos”, acrescentou.
O ministro chinês apelou aos EUA para agirem cautelosamente, de modo a não por em causa os interesses de segurança da China ou acrescentar novas complicações à paz e estabilidade regionais.
Wang e Kerry concordaram em acelerar o processo de consulta no Conselho de Segurança da ONU, de modo a atingir uma nova resolução e tomar medidas resolutas para conter o desenvolvimento de programas nucleares por parte da RPDC.
Reiterando a posição da China relativamente às sanções contra a RPDC, Wang disse que “é o nosso objectivo comum trabalharmos juntos e encontrarmos uma forma de colocarmos a questão nuclear da península coreana no centro do diálogo e das negociações. Este pressuposto é do interesse de todas as partes envolvidas, incluindo da China e dos EUA.”
Wang fez notar, por fim, que a China, um país vizinho da península coreana e um interveniente de peso na estabilidade regional, advoga que a desnuclearização da península deve ser atingida pela via do diálogo, não pela guerra, e que os interesses de segurança nacional da China devem ser garantidos.
Edição: Mauro Marques