Diário do Povo (DP): Portugal e a China situam-se nas extremidades este e oeste da Eurásia. A preponderância desta relação não se dá apenas ao nível do relacionamento entre os nossos dois países, mas também ao nível das relações entre a China e a UE. O Presidente Xi Jinping afirmou que a China sempre colocou uma grande importância na amizade entre a China e Portugal. Constatamos também que o Sr. Presidente, após assumir funções, tem movido esforços no sentido de promover os laços de amizade e de cooperação entre os dois países.
Atualmente, a relação entre os nossos países atravessa o período mais auspicioso da sua história. Este é também o ano no qual se celebra a segunda década desde o início da parceria estratégica global Portugal-China. Como interpreta a importância da parceria entre os dois países e qual a antevisão que faz para o futuro?
Marcelo Rebelo de Sousa (MRS): No ano de 2005, Portugal e a China inauguraram uma relação de cooperação estratégica integral. Dez anos depois, as relações luso-chinesas ao nível político, económico, cultural, entre outros, produziram inúmeros resultados e são marcadas por um grande vigor.
Estes resultados fazem-se sentir nos mais variados aspetos. Quer seja no turismo, no número de assinaturas de vários acordos legais, ou na cooperação e apoio ao nível da participação e de eleições em instituições internacionais.
Devo enfatizar que o número de deslocações entre os dois países se tem feito sentir, não só em quantidade, mas também em qualidade. Não apenas o número de acordos firmados é considerável, como a abrangência dos efeitos destes engloba os mais diversos campos de ação da relação bilateral.
Nos últimos anos, o número de protocolos e programas de cooperação entre universidades portuguesas e chinesas, incluindo o intercâmbio de estudantes e de professores, não tem parado de aumentar. Embora a maioria dos estudantes chineses venha para aprender português, é possível constatar que o interesse dos chineses pelo estudo em áreas como as tecnologias ambientais, energias renováveis, biotecnologia, nanotecnologia, entre outras, em Portugal, não para de aumentar.
As relações comerciais atravessam um período de prosperidade. Quer no comércio de bens de consumo, como no campo do investimento financeiro, ou mesmo do turismo, segurança alimentar, energias, entre outros. No que diz respeito ao turismo, espero que o número de visitantes chineses mantenha a tendência de crescimento que tem vindo a ser demonstrada.
O grau de cooperação entre Portugal e a China nos mais variados níveis tem ainda um grande potencial de desenvolvimento. A proatividade na procura da materialização desse potencial sinalizará um passo em frente na recolha de benefícios para ambas as partes. Como presidente que compreende e segue de perto a China, não posso esconder a minha atração pelo país.