O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abandonou oficialmente a Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) na segunda-feira, cumprindo mais uma das suas promessas de companha eleitoral.
A TPP foi criada com fortes conotações políticas, e negociada pelo anterior presidente Barack Obama, a fim de facilitar o reequilíbrio da estratégia Ásia-Pacífico.
É considerada uma tentativa óbvia de conter a crescente influência da China na Ásia, que, no entanto, não representa benefícios diretos para os EUA.
A recente decisão de apressada de Trump, sem qualquer preocupação com fatores externos, enfraquecerá a tentativa de influenciar outros países a boicotar os seus laços com a China, o que, em parte, concede algum alívio ao gigante asiático.
Contudo, as impetuosas decisões na salvaguarda dos interesses americanos, nem sempre em consideração de fatores externos, pode implicar riscos a longo prazo para a China.
Depois da saída da parceria, Trump afirmou que prosseguiria com acordos bilaterais.
No entanto, a China, Japão e o México, que estão entre os parceiros comerciais dos EUA, são os países que mais atraíram as críticas da equipe Trump.
Nesse sentido, a China pode ser o principal alvo, pois tem o maior excedente comercial com os EUA e, aos olhos da administração de Trump, o comércio bilateral sino-americano assume a relação mais "injusta".
Através das constantes manobras com as questões de Taiwan e Mar do Sul da China, os EUA esperam que a China faça concessões comerciais.
Por este prisma, não há motivo para a China apregoar a “morte” da TPP. Trump poderá levar a cabo medidas mais duras, e não devemos alimentar a ilusão de que os EUA irão ceder o privilégio da atribuição de regras no comércio internacional à China.
Por outro lado, aparentemente, conter a China não é a estratégia principal de Trump, que apostará no desenvolvimento dos EUA na busca de uma posição mais vantajosa perante os países com quem mantém parcerias bilaterais.
Se Beijing e Washington foram capazes de manter um relacionamento saudável, haverá mais espaço para que os dois países se empenhem em uma relação de mútuo benefício.
O problema reside no facto de Trump acreditar firmemente que as economias asiáticas, nas quais a China está englobada, causam prejuízos aos EUA, devido à vigoração de regras comerciais “injustas”, pelo que Trump defende que, caso consiga alterar essas políticas, conseguirá um aumento da empregabilidade doméstica.
Trump será, porventura, o líder de uma superpotência com maior afinidade pelo protecionismo do últimos tempos.
Como país mais poderoso do mundo e voz forte da imposição de regras, se os Estados Unidos não conseguirem beneficiar da ordem mundial existente, menos conseguirá perante um cenário de caos generalizado.
A China deve estar preparada para os possíveis conflitos com a administração de Trump.
Caso uma guerra comercial ou fricções geopolíticas com os EUA ocorram, a China, provavelmente, receberá o maior apoio da comunidade internacional. Deste modo, a China não deve temer a nova administração norte-americana.
Trump está a distorcer o padrão mundial, que, consequentemente, acarretará um impacto na confiança dos aliados dos EUA em relação a Washington.
A China deverá usar esta oportunidade para melhorar as relações com outros países e resolver quaisquer disputas existentes.
Concomitantemente, deve fortalecer as reformas internas a fim de estimular o mercado chinês para o capital internacional, pois é por essa via que se tornará um país mais competitivo.
Fonte: Global Times (editorial)