Polícia brasileira deflagra operação "Carne Fraca" contra frigoríficos que vendiam carne vencida

Fonte: Xinhua    20.03.2017 11h17

A Policia Federal (PF) brasileira realizou na sexta-feira uma grande operação para desmantelar uma rede ilegal de comercialização de carne vencida feita por vários frigoríficos envolvendo funcionários do Ministério da Agricultura nos estados brasileiros de Paraná, Goiás e Minas Gerais.

Cerca de 1,1 mil policiais federais cumpriram 309 mandatos judiciais, 27 de prisão preventiva 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 94 de busca e apreensão nas residências e escritórios dos investigados, naquela que está sendo considerada pela própria PF como a maior operação realizada até hoje na história da instituição, após uma investigação que durou dois anos.

Em entrevista à imprensa esta sexta-feira, o delegado da PF, Maurício Moscardi Grillo, explicou que produtos químicos eram usados para disfarçar o odor da carne vencida e que também se injetava água nos produtos para aumentar o peso das porções e que a fraude era feita com a conivência de fiscais do Ministério da Agricultura através da adulteração de certificados e falsos controles sanitários.

Segundo o delegado, a investigação revelou que parte do lucro arrecadado com as vendas se destinava a pagar subornos ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do presidente Michel Temer e ao Partido Progressista (PP), também da base que apoia o governo.

Entre as empresas investigadas, estão desde pequenos frigoríficos até as maiores do país e de grande penetração internacional, como a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão e o Grupo JBS, maior processadora de carne do mundo, proprietária das marcas Friboi, Seara e Swift, entre outras.

A divulgação da operação "Carne Fraca" e, principalmente o nome das empresas citadas, caiu como uma bomba no mercado e as ações das duas multinacionais brasileiras sofreram fortes quedas na sexta-feira na Bolsa de Valores de São Paulo.

A JBS admitiu que três de suas fábricas foram alvo da operação "Carne Fraca" mas negou qualquer prática de adulteração em seus produtos.

Em nota oficial, a JBS afirmou ainda que todas as suas subsidiárias "atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção de alimentos no país e no exterior" e que apoia punições a irregularidades.

Em fato relevante divulgado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a BRF também disse que está colaborando com a operação. A companhia destacou que cumpre normas e regulamentações na produção e venda de seus produtos, possui processos de controle rigorosos e não compactua com práticas ilícitas.

"A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua", afirmou.

Não obstante, dois funcionários da empresa Roney Nogueira dos Santos, gerente de relações institucionais e governamentais da BRF, e André Luis Baldissera, diretor da BRF, tiveram prisão preventiva decretada pelo juiz federal, acusados de atuar para influenciar nas decisões dos fiscais do Ministério da Agricultura.

(Web editor: 张睿, editor)

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