BEIJING, 16 maio (Diário do Povo Online) – O Fórum do Cinturão e Rota para a Cooperação Internacional, que reuniu vários líderes mundiais ao longo dos dias 14 e 15 de maio, foi encerrado ontem.
A iniciativa homónima fora anunciada pelo presidente chinês, Xi Jinping, em 2013, visando a criação de uma nova plataforma de cooperação internacional.
Findos 4 anos após a sua divulgação, o projeto atingiu um dos seus pontos cruciais, com a realização do referido fórum.
Na presença de dezenas de jornalistas, Xi Jinping afirmou que o evento — que contou com a presença de líderes de 30 países — foi encerrado com a mensagem: “Estamos todos unidos nesta iniciativa, rumo ao futuro compartilhado da humanidade”.
“Através da iniciativa, esperamos encontrar novos catalisadores de crescimento, criar uma nova plataforma para o desenvolvimento global, e reequilibrar o processo de globalização econômica”, disse Xi.
A China reuniu um amplo apoio na luta pela globalização e multilateralismo, numa altura em que a maior economia mundial — os EUA — está focada na resolução de problemas internos.
Além da presença de representantes das economias do G7, compareceram ao evento também enviados do Brasil, Rússia, Índia e África do Sul (BRICS), bem como de economias emergentes como Indonésia, México e Turquia e de países produtores de petróleo, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos.
O presidente russo Vladimir Putin salientou que a iniciativa ajudou a estimular a cooperação econômica e o intercâmbio internacional.
Os mais de 130 países representados no Fórum, incluindo a China, congregam acima de dois terços da população mundial, sendo a combinação do produto interno bruto entre eles cerca de 90% do PIB global.
"Chegamos a um consenso, definimos o caminho a seguir e delineamos um plano de ação", disse Xi aos repórteres.
Segundo o líder chinês, 68 países e organizações internacionais assinaram acordos de cooperação com a China, visando estimular o aprofundamento da Iniciativa.
Xi revelou ainda que uma lista de resultados, com mais de 270 itens, foi formulada na mesa-redonda de líderes, definindo o caminho a seguir para o futuro.
No final do evento, foi emitido um comunicado no qual, entre várias alíneas, foi veementemente condenado o protecionismo.
"Reafirmamos o nosso compromisso comum de construir uma economia aberta, garantir o comércio livre e inclusivo e nos opormos a todas as formas de protecionismo", podia ler-se.
"Empenhar-nos-emos em promover um sistema de comércio multilateral universal, metódico, ecuménico, não-discriminatório e equitativo, tendo por núcleo a OMC".
Para o futuro, a conectividade continua a ser o fator central, reforçou Xi. Os portos terrestres e marítimos serão conectados com uma vasta rede de transportes transcontinentais.
Os países darão início também a vários programas de conexão por forma a conciliar regras e padrões nas alfândegas, supervisionar a qualidade e garantir a aplicação de leis. Serão construídos mais parques industriais, corredores econômicos e projetos de cooperação.
Negócios associados ao comércio eletrônico, big data e cidades inteligentes, assim como aqueles que respeitem os limites de emissões de carbono, serão também apoiados, asseverou o presidente.
No primeiro dia do fórum (14), Xi anunciou os valores do apoio financeiro a todos esses empreendimentos:
- 100 Bilhões de yuans (cerca de 14,5 bilhões de dólares americanos) para reforçar o Fundo da Rota da Seda;
- O equivalente a 380 mil milhões de yuans em empréstimos para projetos de construção de infraestruturas e desenvolvimento a partir de bancos chineses;
- 300 Bilhões de yuans para conduzir fundos de investimento em yuans no exterior;
- 60 Bilhões de yuans em auxílio destinado a países em desenvolvimento e organizações internacionais.
Desde 2013, a iniciativa, que passou de um esboço à realidade, tem proporcionado benefícios reais aos países por ela abrangidos.
Da Mongólia à Malásia, da Tailândia ao Paquistão, do Laos ao Uzbequistão — estão em construção vários projetos, incluindo ferrovias de alta velocidade, pontes, portos, parques industriais, oleodutos e redes elétricas.
As populações de vários países ao longo do cinturão e rota testemunharam já melhorias no seu nível de vida.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, que participou no fórum, elogiou e declarou o seu apoio ao projeto.
Guterres comunicou ao ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, que o fórum incorpora a “visão estratégica e inovadora” da China, tendo uma importância fulcral para enfrentar os problemas globais, através da cooperação internacional.
"Iremos alavancar o Cinturão e Rota ao próximo nível, tornando a iniciativa mais ampla e mais profunda", disse Xi, acrescentando que, em conjunto, todos os intervenientes deverão mover esforços na busca de "uma solução comum para resolver os grandes desafios económicos hodiernos".
Descrevendo a iniciativa como um “projeto de longo prazo”, Xi afirmou ter exigido esforços coletivos a todas as partes envolvidas, a fim de transformar os planos em ações concretas, com resultados mensuráveis.
Os líderes mundiais reunir-se-ão novamente para avaliar os progressos obtidos em 2019.
"Temos todas as razões para estarmos confiantes face ao futuro", concluiu o presidente chinês.