Istambul, 13 jul (Xinhua) -- O investimento global em energia caiu 12% em 2016, enquanto os gastos com energia limpa atingiram um recorde, informou a Agência Internacional de Energia (IEA) em seu relatório no 22ºCongresso Mundial do Petróleo na terça-feira.
Os gastos com energia diminuíram pelo segundo ano consecutivo, uma vez que o aumento das despesas com a eficiência energética e as redes de eletricidade foi mais que compensado por uma queda contínua nas despesas de petróleo e gás a montante, informou a AIE em seu relatório anual.
O relatório da AIE sobre o investimento mundial em energia foi lançado em Istambul no 22º Congresso Mundial do Petróleo, que destaca o futuro da energia.
O investimento em energia em todo o mundo totalizou 1,7 trilhões de dólares em 2016, representando 2,2% do PIB global, segundo o relatório, observando que os gastos com o setor elétrico em todo o mundo excederam a despesa combinada de petróleo, gás e carvão pela primeira vez.
"A participação dos gastos com energia limpa atingiu 43% do investimento total em oferta, um recorde," afirmou o relatório.
Como o maior investidor em energia do mundo, a China registrou um declínio de 25% no investimento de energia a carvão no ano passado e é impulsionada cada vez mais pela geração de redes de eletricidade limpa, bem como pelo investimento em eficiência energética, disse o relatório.
Quanto aos Estados Unidos, o investimento em petróleo e gás também diminuiu, representando 16% dos gastos globais. A Índia, entretanto, tornou-se o maior mercado de investimento em energia com gastos crescentes em 7%, graças a um forte impulso do governo para modernizar e expandir o setor de energia.
"Nossa análise mostra que as decisões de investimentos inteligentes são mais críticas do que nunca para manter a segurança energética e cumprir os objetivos ambientais," afirmou o Dr. Fatih Birol, diretor executivo da AIE.
"À medida que a indústria de petróleo e gás se reorienta em projetos de ciclo mais curto, a necessidade de os formuladores de políticas observarem a adequação do suprimento a longo prazo é mais importante," advertiu.
"Mesmo com ambiciosos objetivos de mitigação do clima, a atual atividade de investimento em petróleo e gás terá que subir de sua queda atual," acrescentou.
O relatório espera que o investimento global de petróleo e gás a montante se estabilize em 2017. "No entanto, um aumento nos gastos de xisto dos EUA contrasta com a estagnação no resto do mundo, sinalizando um mercado de petróleo de duas velocidades," observou.
"Ao mesmo tempo, a indústria do petróleo e do gás em geral está se transformando, fornecendo grandes custos e se concentrando mais no desenvolvimento de tecnologia e na execução eficiente do projeto," acrescentou o relatório.
O relatório espera que a China ultrapasse a Europa dentro de alguns anos em termos de investimento em eficiência energética, já que o país asiático substituiu o Japão por ser o maior consumidor mundial de pesquisa e desenvolvimento de energia como parte do PIB.
Para alguns diretores do setor de energia que participaram do congresso do petróleo de Istambul, os avanços tecnológicos e ainda maior eficiência são a chave para o futuro do setor.
Patrick Pouyanne, CEO da França Total, pediu mais investimentos para atender a demanda de energia nas próximas décadas, ao ver o setor dividido por três desafios, a saber, a volatilidade econômica, as incertezas geopolíticas e as mudanças climáticas.
Ele espera ver uma revolução energética mista nos próximos anos com avanços tecnológicos.
Na visão de Decio Oddone, diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil, o ritmo de mudança acelerou com o novo desenvolvimento e tecnologia no setor.
"Estamos vivendo em um momento em que nos preocupamos com as mudanças climáticas e, como resultado, iniciamos a transição para uma economia de baixo carbono," afirmou.
"A transição para uma economia de baixo carbono sem o fantasma de choques de petróleo representa boas notícias para a economia mundial. Isso representa riscos menores para o crescimento econômico global," acrescentou.
Shri Dharmendra Pradhan, ministro de Estado da Índia para petróleo e gás natural, acredita que um grande desenvolvimento em veículos elétricos pode ter um impacto de longo alcance sobre o setor de petróleo e gás.
Ao apresentar o relatório da AIE à imprensa em Istambul, a Birol disse que quando os carros elétricos finalmente respondem pela metade daqueles na estrada, a demanda por petróleo deve estar crescendo, já que "a demanda não virá de carros".