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Chefe da ONU: Ameaça nuclear, crise humanitária e mudanças climáticas são as piores crises

Fonte: Xinhua    07.09.2017 10h52

Organização das Nações Unidas, 7 set (Xinhua) -- O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, condenou nesta terça-feira o recente teste nuclear da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), o sectarismo em Mianmar e fez um "sério apelo" sobre as mudanças climáticas após desastres naturais sem precedentes que afetaram o globo.

Sobre a Coreia do Norte, ele disse a repórteres na sede da ONU: "Devemos promover o diálogo e a comunicação necessários para evitar erros de cálculo e mal-entendidos" que o confronto "pode levar a consequências involuntárias".

O chefe da ONU falou sobre três questões mais urgentes que o mundo enfrenta no início do debate geral anual da Assembleia Geral da ONU que se inicia em duas semanas.

Guterres disse: "A solução deve ser política", e advertiu, "as consequências potenciais da ação militar são terríveis".

"Como secretário-geral, estou pronto para apoiar todos os esforços para uma solução pacífica desta situação alarmante", disse ele.

Quando perguntado qual é a ameaça mais séria no mundo de hoje, o chefe da ONU disse que era "a ameaça nuclear da Coreia do Norte".

Ele condenou os últimos testes de mísseis nucleares realizados pela RPDC, dizendo que estão desestabilizando profundamente a segurança regional e internacional".

Guterres endossou a unidade do Conselho de Segurança, chamando-a de "crucial para enfrentar a crise e que a unidade também cria uma oportunidade de se envolver diplomaticamente para diminuir as tensões, aumentar a confiança e evitar qualquer escalada militar".

Sobre os ataques sectários aos Rohingyas, o chefe da ONU disse: "Estou profundamente preocupado com a situação de segurança, humanitária e de direitos humanos no estado de Rakhine, em Mianmar".

A comunidade internacional deve empreender esforços concertados para evitar novas escaladas e buscar uma solução holística, disse ele. "As autoridades de Mianmar devem tomar medidas decididas para pôr fim a esse círculo vicioso de violência e fornecer segurança e assistência a todos os necessitados. Faço um apelo pela garantia a um acesso humanitário sem obstáculos para operações de alívio que salvam vidas".

Guterres também pediu um plano de ação imediato para abordar as causas profundas da crise.

Ele disse que será crucial dar aos Rohingyas, - os muçulmanos que vivem em uma nação budista - seja a nacionalidade ou um status temporário pelo menos legal que lhes permita ter uma vida normal, incluindo liberdade de circulação e acesso aos mercados de trabalho, educação e serviços de saúde.

O governo de Mianmar diz que os imigrantes ilegais Rohingyas são do país vizinho Bangladesh.

Quase 125 mil pessoas, vítimas de sofrimento insuportável e desespero, buscaram refúgio em Bangladesh. Muitas pessoas perderam a vida tentando fugir da violência, disse Guterres. As queixas e as dificuldades não resolvidas dos Rohingyas se prolongaram por muito tempo e estão se tornando um fator inegável na desestabilização regional.

Ele agradeceu ao governo de Bangladesh por sua decisão de permitir que os refugiados entrem no país e encorajou-o a atender às necessidades dos recém-chegados. As Nações Unidas estão e continuarão totalmente empenhadas em ajudar.

Guterres também pediu a plena implementação das recomendações de um relatório da Comissão Consultiva sobre Rakhine, liderado pelo ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

Guterres disse também que a organização mundial "está pronta para apoiar os esforços de socorro de qualquer maneira possível" para aqueles que sofrem com os desastres naturais, e também é tempo de "construir resiliência e reduzir o risco de desastres naturais".

"O número de catástrofes naturais quase quadruplicou desde 1970," afirmou. "Os Estados Unidos, seguido por China e Índia têm experimentado o maior número de desastres desde 1995 e só no ano passado 24,2 milhões de pessoas foram deslocadas por desastres súbitos, três vezes mais do que por conflitos e violência."

"Mesmo antes das inundações recentes, os relatórios preliminares para este ano mostram que houve 2.087 mortes por desastres naturais," disse ele.

"É verdade que os cientistas alertam contra a ligação de um único evento com as mudanças climáticas," disse o secretário-geral. "Mas, eles são igualmente claros que esse clima extremo é precisamente o que seus modelos preveem será o novo normal de um mundo em aquecimento. Com a ciência prevendo um aumento dramático na frequência e gravidade dos desastres, é hora de levar a sério a manutenção das altas ambições sobre a ação climática e sobre a construção de resiliência e redução do risco de desastres naturais".

Questionado se a sua mensagem sobre as mudanças climáticas foi dirigida ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - que retirou seu país do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas no início deste ano - Guterres respondeu: "Estamos totalmente comprometidos com o acordo de Paris e esperamos que todos os países entendam que não é apenas o certo fazer isso, mas também é a coisa inteligente a se fazer porque a economia verde é a economia do futuro".

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