Rio de Janeiro, 9 out (Xinhua) -- Cerca de 72% dos habitantes da cidade do Rio de Janeiro, a segunda maior do Brasil, gostariam de viver em outro lugar devido à atual onda de violência local, um desejo que é majoritário em todas as regiões do município e em todas as faixas socioeconômicas.
Segundo uma pesquisa divulgada no sábado pelo Instituto Datafolha, o principal temor dos cariocas são os bandidos (49%) , seguido pelo medo da polícia (23%), enquanto outros 23% temem os dois igualmente. Apenas 2% disseram que não sentem medo de nenhum dos dois.
O medo da polícia chega a 28% entre os mais pobres, que ganham até dois salários mínimos de renda familiar mensal, e os mais jovens - de 16 a 24 anos.
Cerca de 90% dos entrevistados admitiram sentir-se inseguros ao caminhar na noite pela cidade e 74% qualificaram a administração do governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, em questões de segurança como péssima, enquanto 21% consideram regular e apenas 5% acham boa.
Sobre as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), uma espécie de delegacias instaladas a partir de 2008 em várias favelas da cidade para tentar acabar com o tráfico de drogas dentro das comunidades, 62% disseram que não melhoraram a segurança na cidade; 57% afirmaram que as UPPs não melhoraram a segurança nas comunidades onde foram implantadas e 56% que não melhoraram a segurança ao redor das favelas. Para 70%, o modelo necesita mudanças.
A maioria (83%) dos residentess do Rio de Janeiro é favorável à atuação dos militares no combate contra a violência na cidade, e 15% são contra. Sobre a eficácia da presença do Exército, 52% disseram que sua presença não alterou nada da realidade local, 44% acreditam que melhorou e 2% acham que piorou.
A pesquisa entrevistou 812 moradores do Rio de Janeiro nos dias 3 e 4 de outubro e tem uma margem de erro de 4 pontos percentuais.
A cidade do Rio de Janeiro, principal destino turístico do país, está vivendo uma onda de violência que coincide com a grave crise econômica do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil, de modo geral.
A Cidade Maravilhosa registrou cerca de 4.000 tiroteios nos primeiros nove meses deste ano e segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mais de 4.000 pessoas morreram de assassinatos em todo o Estado, no mesmo período. Entre os mortos, 103 foram policiais.