Wei Dan, membro da organização da Cimeira dos Think Tanks da China e dos Países de Língua Portuguesa, decorrida em Macau há 2 dias, falou ao Diário do Povo Online do balanço da atividade e apresentou alguns dos propósitos da Associação de Estudos Brasileiros em Macau, da qual é diretora-geral do conselho de Direção.
No que concerne ao balanço da cimeira supramencionada, evento que congregou personalidades acadêmicas, empresariais, políticas e diplomáticas da China e dos países lusófonos, a entrevistada demonstrou regozijo e “uma grande honra por juntar todas estas ideias brilhantes para aprofundarmos os nossos trabalhos enquanto plataforma”, aludindo ao papel simbólico e efetivo que Macau desempenha enquanto elo de ligação entre a China e o mundo lusófono.
Após vários anos de estudo no Brasil, país que descreve como “segunda terra natal”, Wei Dan identificou que “Macau não sente a necessidade profunda de conhecer um país com a dimensão do Brasil”.
Perante este cenário, surgiu o ponto de partida para a criação da Associação de Estudos Brasileiros em Macau.
“Gostaríamos de preencher essa lacuna teórica”, afirmou, propondo que a instituição funcione como “uma janela para o Brasil aqui, na China”.
A dimensão da economia brasileira no plano mundial e o lugar cimeiro ocupado por este país entre as economias lusófonas, justificam uma maior aposta na aproximação dos dois países, afiançou, frisando que “a China e o Brasil são parceiros em diferentes cenários internacionais”. BRICS, cooperação China-América Latina e Fórum Macau foram apenas alguns dos exemplos citados.
“Somos uma equipe que reúne acadêmicos, profissionais, empresários e políticos”, enumera, atestando a amplitude de cenários onde a associação tem capacidade de intervir.
Entre as áreas de foco nas quais a associação está envolvida, Wei Dan revela o plano de “fazer um estudo de acompanhamento de investimentos chineses na infraestrutura do Brasil”, nomeadamente no empreendimento ferroviário transoceânico entre o Atlântico e o Pacífico: “Uma alternativa muito importante para a China importar matérias-primas da América Latina”, explica.
“Gostaríamos de oferecer os nossos conhecimentos e serviços de consultoria para estas empresas na fase de licitação, execução e, eventualmente, no caso de existirem dificuldades, na fase de desfecho”.
No âmbito do direito econômico existem também projetos em andamento, sendo que, a curto prazo, um programa de exportação de alimentos do Brasil para a China poderá avançar.
Macau, salienta a entrevistada, se assume como um dos grandes centros de distribuição de alimentos entre a China e os países lusófonos.